30 nov, 2016 - 17:15
O ministro da Saúde assegura que a resposta ao esperado aumento da procura dos cuidados de saúde no Inverno começou a ser preparada na Primavera, e que tudo está a ser feito para este período decorrer com normalidade.
Adalberto Campos Fernandes falava aos jornalistas no final da cerimónia de assinatura da Declaração Conjunta com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Observatório Europeu dos Sistemas e Políticas de Saúde (OESPS), para Avaliação Externa das Políticas de Saúde.
A propósito de um alerta da Ordem dos Médicos sobre um eventual risco de ruptura nas escalas médicas em Dezembro, o ministro da Saúde disse que os portugueses "têm razões para confiar nos profissionais, nos hospitais e nas Administrações Regionais de Saúde".
"As coisas estão a ser feitas com preparação e com ponderação", afirmou o ministro, recordando que a resposta ao Inverno está a ser preparada desde a Primavera.
Nesta altura do ano, lembrou o ministro, a procura dos cuidados de saúde aumenta 30%.
Adalberto Campos Fernandes acredita que a resposta actual passa por "uma lógica de partilha de recursos, de afiliação, de entreajuda entre os hospitais. A urgência metropolitana de Lisboa está a funcionar bem", disse.
As preocupações do ministro centram-se no facto de Portugal ter "uma população muito idosa, muito envelhecida, muito empobrecida".
"A nossa obrigação é estarmos preparados. Os planos de contingência foram aprovados em Agosto e há profissionais que estão a ser deslocados de uns hospitais para outros, mesmo de forma voluntária".
"Sem ovos não há omeletes e o SNS não tem ovos"
O bastonário da Ordem dos Médicos alerta para a possibilidade de ruptura dos serviços de saúde na época de Natal. Em declarações à Renascença, José Manuel Silva sublinha que nesta altura as urgências são mais procuradas, mas há falta de profissionais de saúde para responder a estas solicitações.
“Em muitos hospitais, as escalas de urgência têm estado no
limite e a serem feitas à custa dos médicos internos. Nesta época de Inverno,
em que é necessário normalmente um reforço de escalas e que é um período de
férias, a procura das urgências aumenta e a necessidade de médicos para as
escalas de urgência aumenta também. Sem ovos não se fazem omeletes. Como o
Serviço Nacional de Saúde não tem ovos, ou seja, não tem financiamento, não
consegue contratar, mais médicos, mais enfermeiros, mais assistentes técnicos e
operacionais. Tem que se aumentar o financiamento do Serviço Nacional de Saúde”, disse o bastonário da Ordem dos Médicos.
Questionado sobre as dificuldades nas escalas, o ministro da Saúde responde: "Nesta altura do ano há uma grande pressão sobre os cuidados de saúde e estamos a fazer tudo para que o inverno decorra com normalidade".
Sobre um eventual pedido aos profissionais para não gozarem férias neste período, o ministro limitou-se a dizer que esta é "uma matéria que depende dos conselhos de administração e das direcções clínicas".
O SNS conta hoje com "mais 3.200 profissionais de saúde do que há um ano atrás, temos mais camas hospitalares, mais meios financeiros". "A situação está a decorrer até agora com normalidade", assegurou.
Sobre a avaliação externa que vai nascer da declaração assinada esta quarta-feira, o ministro referiu que "vai permitir avaliar o verdadeiro impacto da crise na saúde das pessoas e no sistema da saúde".
Para Constantino Sakellarides, consultor do ministro da Saúde, esta é "uma grande oportunidade de aprendizagem colectiva".
O especialista em saúde pública realçou a importância desta avaliação ser realizada por entidades como a OMS e o OESPS.
Uma avaliação preliminar deve ser conhecida em Abril do próximo ano.
[notícia actualizada às 17h47]