08 dez, 2016 - 23:52
Os presidentes das Câmaras de Lisboa e da Batalha vão participar numa cimeira internacional de autarcas sobre migrantes, no Vaticano, onde pretendem alertar para a falta de envolvimento dos Estados europeus na crise dos refugiados.
O encontro "Europa: os refugiados são nossos irmãos e irmãs" decorre na sexta-feira e no sábado e foi convocado para chamar a atenção para a ameaça à estabilidade mundial decorrente da existência de milhões de refugiados.
Também as cidades de Berlim, Bruxelas, Manchester, Roma, Saragoça, Málaga e Genebra vão ter autarcas a integrar a comitiva de participantes na cimeira, estando previsto que o Papa Francisco receba os participantes no segundo dia do evento.
Em declarações à Renascença, o presidente da Câmara da Batalha afirma que não basta receber refugiados, é preciso apostar seriamente na sua integração.
Paulo Baptista do Santos considera que foi isso que a comunidade da Batalha fez às duas famílias muçulmanas da Palestina que recebeu.
“Há uma integração religiosa plena. Eles mantêm os seus hábitos e tradições do ponto de vista da dieta alimentar e nós garantimos que têm acesso aos meios de comunicação social da sua origem”.
Os empresários foram exemplares e deram um contributo importante para a integração bem-sucedida das duas famílias de refugiados na sociedade portuguesa.
Paulo Baptista do Santos considera que os autarcas devem ser líderes neste processo de acolhimento e de resposta à crise dos refugiados.
“Falta vontade política à Europa”
O presidente da Câmara de Lisboa também vai marcar presença no encontro que começa esta sexta-feira, no Vaticano.
Em declarações à agência Lusa, Fernando Medina diz que "há um sentimento de que os Estados não estão a responder a este desafio, a esta sua obrigação humanitária e a esta sua obrigação de justiça para com seres humanos que fogem da morte, fogem da privação, seres humanos exactamente como nós, como qualquer um dos nossos amigos, dos nossos familiares, que têm direito a ter uma vida digna, até a ter uma vida em primeiro lugar".
Para o autarca, esta crise só não é resolvida "porque não há vontade política na Europa para a resolver", uma vez que "não faltam os meios, não faltam os recursos, não falta todo o tipo de disponibilidades".
"O que as cidades têm transmitido um pouco por toda a Europa é a vontade de fazerem mais do que aquilo que os Estados estão a fazer", sublinhou, considerando que, com esta iniciativa, o papa quer "reunir as energias das cidades que se têm mostrado com vontade e com energia de dar uma resposta positiva a este problema".
"Espero que saia uma mensagem muito forte de que nós temos que resolver esta crise, temos que acudir às pessoas que estão em situação de privação, isso é essencial porque somos sociedades dignas e desenvolvidas, mas é também importante para o nosso processo de desenvolvimento futuro", acrescentou.
Fernando Medina vincou também que "Lisboa tem hoje uma capacidade de acolhimento já instalada", mas não acolhe mais pessoas porque "a Europa não se entende sequer sobre um elemento básico, que é o registo e o reencaminhamento dos refugiados dentro das fronteiras europeias" advogou.
Esta quinta-feira, foi conhecido que Portugal recebeu até agora 720 migrantes recolocados da Grécia (459) e de Itália (261), num total de 8.162 pessoas já distribuídas pela União Europeia (UE), segundo dados hoje divulgados pela Comissão Europeia.