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Exército aponta falhas e "desaconselha racionamento de água" no curso de Comandos​

15 dez, 2016 - 17:28

Resultados da inspecção técnica agora revelados defendem "a necessidade de rever e melhorar o apoio e a evacuação médico-sanitária" e mais formação para os formadores.

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A inspecção técnica realizada após a morte de dois instruendos recomenda alterações no curso de Comandos, dos exames às exigências dos treinos. As conclusões foram reveladas esta quinta-feira pela Inspecção-Geral do Exército (IGE).

O relatório da inspecção começa por identificar “a necessidade de se proceder à revisão dos procedimentos relativos às entrevistas clínicas, ajustamento da bateria de exames médicos e melhor partilha da informação clínica”.

A inspecção alerta que é preciso mudar a relação entre a carga dos treinos e os tempos de recuperação do esforço físico, bem como "relativamente à compensação alimentar adequada ao esforço físico, sendo desaconselhado o racionamento de água".

Detectando falhas no sistema clínico, a IGE defende "a necessidade de rever e melhorar o apoio e a evacuação médico-sanitária".

É também apontada a necessidade de aprofundar e reforçar a formação de formadores e comandantes em socorrismo e matérias de saúde, "para permitir uma melhor identificação dos sinais de alerta de sintomas de falência física e formas de mitigação da sua ocorrência".

A IGE também defende a necessidade de "rever e adaptar os programas de formação" dos Comandos, em conformidade com a metodologia estipulada pela nova doutrina de formação do Exército definida em 2013.

O reforço dos recursos humanos da secção de formação e um maior "controlo por parte do Comando do Pessoal" são outras das recomendações.

CEME pede avaliações

Depois de analisar as conclusões deste relatório, o chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), o general Frederico Rovisco Duarte, determinou "a realização com carácter de urgência de uma avaliação do sistema de informação clínica, cujos resultados lhe deverão ser apresentados até 20 de Janeiro de 2017".

O general Frederico Rovisco Duarte também pediu "a reavaliação das provas de classificação e selecção para as tropas especiais, cujos resultados lhe deverão ser apresentados até 27 de Janeiro de 2017", e a "continuação da elaboração com carácter de urgência dos referenciais do Curso de Comandos".

O comunicado do Exército com estas informações adianta que os próximos cursos de Comandos se mantêm cancelados até que as recomendações sejam implementadas.

Um curso, muitas polémicas

Os militares Hugo Abreu e Dylan Silva morreram na sequência do treino do 127.º Curso de Comandos na região de Alcochete, no distrito de Setúbal, que decorreu no dia 4 de Setembro, e vários outros receberam assistência hospitalar.

Um total de sete militares foram constituídos arguidos. Aguardam o desenrolar do processo em liberdade, com a medida de coacção de termo de identidade e residência (TIR).

Entre os arguidos está um médico, que foi indiciado por dois crimes de homicídio negligente.

A Renascença avançou no final de Novembro que cinco militares foram admitidos no 127.º curso de Comandos apesar de terem problemas graves de saúde, como doenças crónicas, cardíacas e tumores.

Um dos candidatos sofre de síndrome de Gilbert, uma doença hepática crónica, de origem genética. Outro tem uma doença cardíaca, também genética, e antecedentes de epilepsia. Um terceiro instruendo do 127.º Curso de Comandos tem um tumor ósseo na bacia, visível, segundo o relato dos processos de exclusão a que a Renascença teve acesso, “à vista desarmada”. No quarto caso, o candidato a comando tem duas hérnias discais e o quinto candidato uma dismetria dos membros inferiores.

Os cinco elementos foram excluídos do curso já depois das mortes de Hugo Abreu e Dylan Silva terem ocorrido e fazem parte de um conjunto de 16 candidatos que foram afastados do curso por motivos de saúde, tendo regressado às suas unidades de origem.

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  • Mário Guimarães
    05 jan, 2017 Lisboa 12:30
    Em vez de água um copo de vinho sem abusar à refeição até é mais salutar ! No Mali não sei o que bebem ?Será que o Mali faz parte de Portugal ? A NATO defendeu Portugal de alguma coisa ou vai defender ? Já acabaram de vender os F-16 para fazer dinheiro para o O.E.?A vergonha a que isto chegou ! Recomendo a leitura de um livro escrito por um amaricão : "Portuguese Commandos" . Penso que aí poderão encontrar a diferença e a idéia do que era um País soberano!
  • Mambo Cruz
    15 dez, 2016 Portimão 21:17
    Apesar da inspecção, as conclusões parecem só servir para mascarar que tudo vai continuar mais ou menos na mesma. Ninguem pode negar que o exército é uma estrutura hierárquica e que, se os formadores falharam, falharam todos os que estavam acima e que tinham a obrigação de controlar o desempenho dos seus subordinados. Se a estrutura do exercito não é capaz de detectar as falhas e adaptar-se corrigindo-as, que preparação terá ela para um cenário de guerra? Provavelmente, só quando morrer muita gente, como nesta formação, é que vão chamar a inspecção para descobrir o que está mal! (enquanto a guerra decorre!) Desengane-se quem julga que esta é uma tropa de elite! Não existe tropa de elite se as hierarquias não funcionam! A Nato tem avaliado o exercito Português... Afinal quem sabe o TIER que lhe foi atribuído?
  • Filipe
    15 dez, 2016 Lisboa 19:48
    Fui Fuzileiro Naval em 1991. A diferença do exercito para a marinha é que na marinha as pessoas são sempre tratadas como pessoas, independentemente da exigência durissima da preparação fisica e mental a fui sujeito. Fazer exercicios sob 40° sem minimos de agua não é preparar, é estupidez. Tive exercicios programados em alto mar que, face á adversidade ( ondas de 8 metros por exemplo), foi entendido pelos oficiais responsáveis, alterar o programa de treinos e adiar essas provas para outro dia. Preparar é importante mas fazê-lo num contexto de perigo de vida e num cenário de treino ( e não de guerra felizmente ) tem de ser feito dentro de limites do aceitável.
  • Burro sou Eu
    15 dez, 2016 São Bento 18:53
    O óbvio, mais do mesmo...areia para os olhos, etc, etc, ou, casa arrombada trancas na porta! Com poíiticos, militares, médicos, juízes, outros doutores, haverá sempre muito fumo...quase sempre sem fogo, disse!
  • Anónimo
    15 dez, 2016 Lisboa 18:50
    Isto é chocante...Foi necessário morrerem dois jovens para chegarem a esta conclusão? Parece que vivemos num país do terceiro mundo...
  • Augusto Amorim
    15 dez, 2016 Fermentões - Guimarães 18:32
    Como Comando formado em 1967 e tendo sido um dos muitos que defenderam a Pátria em Moçambique, lamento o sucedido aos dois jovens que voluntariamente arriscaram a sua vida. Ser Comando não é para todos, e só o é quem fisicamente consegue ultrapassar todas as vicissitudes que durante o curso administrado nos é pedido. No meu tempo éramos selecionados e não voluntários. Hoje só é Comando quem quer, e aí os jovens voluntários terão que refletir se têm ou não pujança física para ter acesso à boina e crachá que tanto valor tem para quem é e foi COMANDO.
  • 15 dez, 2016 lx 18:10
    Tropa macaca! Esperar o quê?
  • 15 dez, 2016 lx 18:02
    Treta. Só agora é que viram? Foi preciso morrerem mais 2 bacanos?! Treta. Tropa macaca... Já sei que a culpa vai morrer, outra vez, solteira. Tristeza...

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