19 dez, 2016 - 10:04
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O ministro da Educação garante que há funcionários suficientes nas escolas, mas avança que vão ser contratados mais auxiliares.
“O que já pudemos fazer este ano foi renovar 2.900 funcionários e contratar 300 para as questões mais prementes”, anuncia na Renascença.
“E há mais para serem contratados. Estamos neste momento a trabalhar para identificar as necessidades”, acrescenta, considerando, por isso, que se trata de “um problema em vias de resolução”.
Mas Tiago Brandão Rodrigues considera que a polémica da falta de funcionários, surgida no início do ano lectivo, se deve ao facto de “a grande maioria dos problemas que faziam parte do léxico dos problemas do Ministério da Educação” já estarem resolvidos.
Em causa, nomeadamente, a contratação de professores, que “aconteceu na sua totalidade no mês de Agosto, algo que não acontecia e de já não havia memória”, destaca.
E no campo da contratação de docentes, prosseguem esta semana as negociações sobre os diplomas dos concursos de professores. O ministro sublinha que o processo de diálogo está em curso e mostra-se pouco preocupado com a ameaça de greve por parte da Fenprof.
“A Fenprof decidirá aquilo que quiser decidir relativamente às suas pretensões e expectativas. Estamos neste processo de diálogo, não só com a Fenprof, mas com todas as organizações sindicais, que são em número substancial e é preciso dar passos. Isto é um caminho que se vai fazendo”, afirma.
A Fenprof pretende que o Governo altere a proposta quanto à maneira como os docentes são colocados nas escolas e como podem ser vinculados aos quadros.
A vinculação automática depende de “determinadas características” associadas ao histórico de contratação de cada docente – condições que têm gerado algum debate entre os intervenientes nas negociações (sindicatos, professores e directores de escolas), que arrancaram a 30 de Novembro.
Rankings. “Escola pública é verdadeiro artífice de milagres”
Convidado no programa Carla Rocha – Manhã da Renascença, Tiago Brandão Rodrigues admite que não é “o entusiasta-mor dos rankings” e defende um enquadramento mais global da situação nas escolas com os Percursos Directos de Sucesso.
“Sabermos se uma determinada escola, numa seriação crua sem enquadramento, única e simplesmente relacionada com as notas dos exames, está no número 300 ou 500 não tem grande interesse. Agora, termos a possibilidade de utilizar outros indicadores que possam fazer algum tipo de enquadramento, onde não vemos o valor absoluto, mas como cada uma das nossas criança ou cada conjunto de crianças de uma escola melhora ou piora os seus percursos educativos quando entra nessa escola” faz mais sentido, defende.
“E podemos fazer outro tipo de enquadramentos, como por exemplo como é que uma escola trabalha a inclusão”, acrescenta.
Os rankings, como os conhecemos, “quem os faz são os meios de comunicação social”, baseados na informação disponibilizada no portal do Ministério da Educação, explica o ministro.
Quanto ao facto de as escolas privadas apresentarem melhores resultados, Tiago Brandão Rodrigues é peremptório: “a escola pública faz um trabalho excelente. Há excelentes escolas públicas e há excelentes escolas privadas. Comparar o que não é comparável é algo que não devemos fazer”.
Quem o faz, acrescenta, são aqueles que “transformam estes rankings num produto”. Os restantes “têm a verdadeira consciência de quão a escola pública é verdadeiro artífice de milagres no progresso dos percursos escolares de muitas das nossas crianças”.
Tiago Brandão Rodrigues nasceu em Paredes de Coura há 39 anos. Fez o ensino secundário em Braga e o doutoramento em Bioquímica na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (2007).
Na sua carreira passou ainda por Madrid, pelos Estados Unidos e ainda por Cambridge, na Grã-Bretanha, onde trabalhou durante seis anos no Cancer Reasearch.
Em 2013, foi notícia pela investigação que desenvolveu na área da oncologia, na detecção precoce do cancro.