08 jan, 2017 - 15:53
O político e poeta Manuel Alegre evocou Mário Soares como um combatente antifascista que cedo teve a visão que era preciso criar um partido que tivesse o apoio da Internacional Socialista e dos partidos democráticos.
Manuel Alegre, em entrevista à RTP, considerou ainda que a morte no sábado de Mário Soares significa um luto não só para si, para os filhos, a família e amigos, mas também para o país, do qual foi primeiro-ministro e Presidente da República.
Manuel Alegre alertou para as "tentações revisionistas" sobre a biografia de Mário Soares, lembrando que o antigo líder do PS começou por ser opositor ao regime de Salazar, como militante do PCP, tendo depois entendido que era necessário um partido que juntasse os socialistas e que tivesse o apoio da Internacional Socialista e dos partidos democráticos.
Tudo isto numa altura em que a "grande força da resistência (antifascista) era o PCP", observou Manuel Alegre, revelando que conheceu Mário Soares em Paris, numa visita realizada com Piteira Santos.
Já na fase do pós-25 de Abril, Alegre recordou Mário Soares como alguém que se opôs à instauração de uma democracia popular, apoiada pelo PCP e inspirada nos países de Leste.
Manuel Alegre descreveu ainda Soares como um "homem de fibra, optimista e voluntarioso", que acreditava sempre na vitória, mesmo quando as sondagens eleitorais estavam muito baixas.
"Era um optimista e tinha uma grande alegria", relatou Manuel Alegre, confidenciando que Soares gostava de literatura e de pintura e era amigo de "muitos escritores e poetas".
No plano das confidências pessoais, revelou também que Soares "não gostava de almoçar sozinho", razão pela qual almoçava e jantava frequentemente com os amigos e camaradas do PS.
Alegre falou ainda do papel de Mário Soares na Europa e na Internacional Socialista e dos seus amigos Willy Brandt, Olof Palme e Miterrand.
Mário Soares morreu no sábado no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado há 26 dias, desde 13 de Dezembro.
O Governo decretou três dias de luto nacional, a partir de segunda-feira.
O corpo do antigo Presidente da República vai estar em câmara ardente no Mosteiro dos Jerónimos a partir das 13h00 de segunda-feira, e o funeral de Estado realiza-se a partir das 15h30 de terça-feira, para o Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.