12 jan, 2017 - 20:16
Centenas de pessoas concentraram-se esta quinta-feira à tarde em frente ao Consulado de Espanha, em Lisboa, em protesto contra a central nuclear espanhola de Almaraz, a 100 quilómetros da fronteira portuguesa.
Na manifestação, convocada pelo Movimento Ibérico Antinuclear, participaram deputados de vários grupos parlamentares.
André Silva, deputado do PAN, comparou a situação vivida na central nuclear de Almaraz e o acidente nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011.
“Não podemos deixar que esta central aqui ao lado continue a funcionar por mais anos. Aquilo que estamos a ver agora foi aquilo que vimos em Fukushima, as declarações do Governo japonês são as declarações do Governo espanhol, as anomalias técnicas em Fukushima são as anomalias técnicas que vemos em Almaraz e, a qualquer momento, dá-se um acidente. Para que tenhamos alguma esperança que este cenário se altere só mesmo com uma posição completamente diferente, mais enérgica e mais firme, por parte do Governo e da diplomacia de Portugal”, defende André Silva.
O deputado do PAN considera que a reunião desta quinta-feira, entre os ministros de Portugal e Espanha, em que ficou confirmada a construção de um depósito para resíduos nucleares, é a prova de que Madrid “tem uma agenda escondida”.
“Espanha precisa deste depósito para prolongar o ciclo de funcionamento da central até 2030. E é isso que está em causa e o Governo português para impedir que a bomba-relógio de Almaraz se prolongue até 2013 terá que fazer outras diligências, muito mais do que a queixa à União Europeia”, afirma André Silva.
Pelo Partido ecologista "Os Verdes", a deputada Heloísa Apolónia lembrou que o Parlamento português aprovou por unanimidade um texto condenando a actuação do executivo espanhol nesta matéria.
Alvaro Jaen, do partido espanhol Podemos, também esteve na manifestação de Lisboa e também está contra Almaraz.
“O Parlamento português aprovou de forma unânime e nós estamos de acordo com essa decisão de levar o assunto à Comissão Europeia, porque nos parece fundamental. Isto é um atropelo e, por isso, há que mobilizar, sair às ruas e também nas instituições há que empurrar, porque não se entende aquilo que o governo de Espanha está a fazer.”
Para Alvaro Jaen, o Governo de Madrid quer fazer da região da Extremadura um “depósito de resíduos” nucleares e Portugal, que está ao lado, “não tem nada a dizer”.
A manifestação acontece no dia em que o Governo espanhol confirmou, numa reunião com o ministro português do Ambiente, a construição do depósito de resíduos em Almaraz.
Portugal já fez saber que vai apresentar queixa em Bruxelas contra Espanha.