13 jan, 2017 - 10:11
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O diário "Público" avança, esta sexta-feira, que, após a primeira morte no 127.0 curso dos Comandos, o comandante das forças terrestres ordenou a paragem dos exercícios da instrução da chamada Prova Zero. A ordem do general Faria Menezes foi, contudo, ignorada pelos instrutores.
O comandante dirigiu-se ao Campo de Tiro de Alcochete assim que lhe foi transmitida a informação da morte de Hugo Abreu e, no local, decidiu cancelar toda a instrução prevista para o dia seguinte. Esta decisão consta de uma carta entregue recentemente às autoridades judiciais, onde responde como testemunha no inquérito-crime dos Comandos.
A confirmar-se toda a informação, os militares responsáveis pela continuação da instrução incorrem no crime de insubordinação por desobediência do Código de Justiça Militar, que prevê uma pena entre um a quatro anos de prisão, nas circunstâncias relatadas, ou seja, “em tempo de paz e em presença de militares reunidos”. Cinco oficiais e dois sargentos estão já indiciados pelo Ministério Público por crimes de abuso de autoridade por ofensa à integridade física, um crime estritamente militar.
A “Prova Zero” dura
habitualmente três dias consecutivos durante os quais os militares têm poucas
horas de descanso. Também a água e a alimentação são sujeitas a racionamento.
O 127.º dos Comandos ficou marcado pela morte de dois instruendos, Hugo Abreu e Dylan Silva, na sequência do treino, no dia 4 de Setembro. Em consequência foram constituídos sete arguidos, que aguardam o desenrolar do processo em liberdade com a medida de coacção de termo de identidade e residência (TIR).
Depois do sucedido, o curso prosseguiu, mas apenas 23 dos 67 candidatos chegaram ao fim. Pelo caminho ficaram 44 candidatos, 16 dos quais saíram por motivos de saúde. Entre os arguidos está um médico, que foi indiciado por dois crimes de homicídio negligente.