18 jan, 2017 - 10:32
O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), José Manuel Silva, publicou um texto na sua conta da rede social Facebook no qual se lê que "o negócio da Linha Saúde 24 é um escândalo e um imenso desperdício".
"Por cada 'chamada resolvida' na Linha Saúde 24, em que um telefone atende o contactante com base num rígido e singelo algoritmo, o Estado paga 16 euros à empresa que explora este milionário negócio (um valor imenso, mesmo considerando os custos fixos da empresa)", escreve José Manuel Silva.
"Quando marcam doentes em atendimento complementar nos períodos de gripe, as administrações marcam-nos de 10 em 10 minutos, o que significa que cada consulta médica vale 2,5 euros brutos (1,25 euros líquidos). Ou seja, uma avaliação e verdadeira resolução do problema dos doentes, com imensa responsabilidade, vale, para o Estado, 2,5 euros, enquanto um telefonema vale 16 euros!!!", prossegue o bastonário.
José Manuel Silva questiona: "Porque não paga o Ministério da Saúde metade destes 16 euros por cada telefonema feito para os Centros de Saúde, onde o utente é atendido pelo seu enfermeiro e/ou médico de família e o seu problema efectivamente resolvido?"
Se assim fosse, encontrar-se-ia "uma forma de financiar o SNS em vez de alimentar um negócio telefónico privado".
O bastonário da OM acrescenta que "comparando com o valor/hora de um enfermeiro, o custo de cada telefonema (que pouco ou nada resolve...) é uma vergonha."
José Manuel Silva nota que "para o protocolo da Linha Saúde 24 dizer a um doente para ir à urgência, cobra 12 euros por telefonema, ao médico Interno que observa e trata o doente na urgência, assumindo uma enorme responsabilidade no diagnóstico e na prescrição, o Ministério da Saúde paga 5 euros líquidos/hora".
"O negócio da Linha Saúde 24 é um escândalo e um imenso desperdício, enquanto nos Centros de Saúde/Urgências/SNS (quase) tudo falta. Perante esta evidência, alguma coisa os sindicatos têm de fazer", remata José Manuel Silva.