23 jan, 2017 - 10:56
O vencedor das eleições da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, defende uma reavaliação da Linha Saúde 24, pois considera que a linha não tem cumprido os seus objectivos. Uma posição cautelosa assumida cerca de um mês depois de o bastonário ainda em exercício, José Manuel Silva, ter defendido o encerramento do serviço.
“A Linha Saúde 24 não tem atingido os objectivos a que se propôs, isto é, não tem servido para orientar correctamente os doentes, por um lado, e, por outro, não tem servido para evitar que as pessoas recorram aos serviços de saúde”, explica no programa Carla Rocha – Manhã da Renascença.
“Acho que a linha deve ser reavaliada para ver se deve ou não deve ser reformada ou, se simplesmente, deve deixar de existir em favor de outro tipo de situações”, acrescenta.
Nesta entrevista, Miguel Guimarães fez também uma apreciação positiva ao desempenho do ministro da Saúde.
“O senhor ministro actual tem tido um posicionamento positivo relativamente ao Serviço Nacional de Saúde, isto é, sempre que tem uma intervenção pública sobre a saúde valoriza sempre os profissionais de saúde de uma forma geral e tenta resolver alguns dos problemas. existentes. A verdade é que não tem conseguido resolver os grandes problemas precisamente por não ter dinheiro suficiente para o fazer”, remata.
Miguel Guimarães foi eleito a 20 de Janeiro, derrotando os outros três candidatos, Álvaro Beleza, João França Gouveia e Jorge Torgal. Sucede a José Manuel Silva, que esteve à frente da Ordem durante seis anos. Nas últimas semanas do seu mandato, José Manuel Silva foi muito crítico do funcionamento da Linha Saúde 24, chegando a defender a sua extinção.
Discutir eutanásia "não faz muito sentido”
Miguel Guimarães considera ainda que a discussão actual sobre eutanásia "não faz muito sentido". "Temos duas coisas essenciais para poder proporcionar uma melhor qualidade de vida às pessoas que estão em fim de vida que não estamos a utilizar de forma conveniente: primeiro a questão dos cuidados paliativos. Os nossos médicos, enfermeiros, etc., que se dedicam aos cuidados paliativos têm todas as condições para melhorar a qualidade de vida dos nossos doentes, das nossas pessoas que estão numa fase mais avançada", diz.
"Por outro lado, temos uma coisa que se chama testamento vital, que foi uma conquista civilizacional, como foi dito na altura, em que as pessoas podem optar por decidir aquilo que querem ou não querem fazer em determinadas circunstâncias em que já não vão poder ser elas a decidir e que devem ser respeitadas pelos próprios médicos e que não está a ser devidamente utilizado", acrescenta.
Como tal, o próximo bastonário garante que a Ordem vai manter a sua posição sobre esta matéria. "Vai proporcionar debates internos sobre esta matéria e vai utilizar aquilo que são os seus argumentos para que neste momento não seja legislado nada sobre eutanásia", remata.
A petição sobre o tema da morte assistida vai ser debatida na Assembleia da República a 1 de Fevereiro. O texto é da responsabilidade do movimento "Direito a Morrer com Dignidade" e o Bloco de Esquerda já anunciou a intenção de agendar uma iniciativa legislativa sobre a matéria, mas em momento posterior ao do debate da iniciativa dos cidadãos.
A Federação Portuguesa Pela Vida anunciou na semana passada que recolheu mais de 14 mil assinaturas da petição “Toda a Vida Tem Dignidade”, que apela à rejeição do “direito a dispor ou apoiar a eliminação de vidas humanas”.