28 jan, 2017 - 00:52
A Associação de Professores de Português contesta a proposta de alterações ao acordo ortográfico apresentada pela Academia de Ciências de Lisboa.
A Academia propõe um registo ortográfico “adequado à variante portuguesa” e defende uma discussão alargada sobre o assunto. O objectivo é "aprimorar as novas regras ortográficas" para fixar o vocabulário e o dicionário da Academia.
No entanto, Edviges Ferreira, da Associação de Professores de Português, diz que seriam piores as consequências do que os benefícios.
“Esperamos que a proposta não seja aceite. Porque as consequências que traz são muitos superiores aos benefícios para meia dúzia de velhos do Restelo que não aceitam determinadas alterações. Se nós fizermos um estudo ao nível etário das pessoas mais detractoras deste acordo, podemos detectar que esse nível etário é muito mais elevado, do que o nível etário das pessoas que aceitam e que até acham que é mais simples”, disse.
Edviges Ferreira acrescenta que há milhares de alunos que certamente irão ser confrontados com uma nova forma de escrever e que há, de novo, livros que vão ter que ser alterados, "com o aumento do orçamento para os pais”.
O documento de aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90), aprovado na quinta-feira pela Academia de Ciências de Lisboa, propõe o regresso de consoantes mudas, do acento gráfico, em alguns vocábulos, do circunflexo, noutros, assim como do hífen.
O estudo propõe o regresso das consoantes mudas em palavras como "recepção" e "espectador", ou seja, nos casos em que geram uma concordância absoluta de sons (homofonia) que podem causar "ambiguidade".
O documento "Sugestões para o aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa" de 1990 foi aprovado em plenário, na quinta-feira, por 18 votos, com cinco votos contra.