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Sabia que o sobreiro não é a única árvore a dar cortiça?

01 fev, 2017 - 11:50

“Quando olhamos para um produto de cortiça sentimos que é português”, mas há espécies noutros países que também contribuem para a indústria deste sector.

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Entrevista a Helena Pereira e Carla Leite, do Centro de Estudos Florestais, sobre cortiça, Carla Rocha Manhã RR (01/02/2017)

O sobreiro não é a única árvore que dá cortiça. A primeira compilação estruturada com a informação científica disponível sobre espécies que produzem quantidades significativas de cortiça acaba de ser publicada na revista “Frontiers in Materials”.

O trabalho é da responsabilidade das investigadoras Carla Leite e Helena Pereira, do Centro de Estudos Florestais (CEF) do Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa.

Convidadas no programa Carla Rocha – Manhã da Renascença, as investigadoras explicaram que a existência de fontes adicionais de cortiça poderá ser muito relevante para a indústria.

“É um complemento. O sobreiro e a cortiça do sobreiro, que é de facto a melhor, têm uma limitação geográfica muito grande, porque o sobreiro está limitado à parte ocidental da bacia mediterrânica, o que limita a produção à volta das 200 mil toneladas por ano”, começa por explicar Helena Pereira.

Por isso, para que possam ser feitos “esses produtos de design que estão tão na moda e são tão bonitos e revestimentos de chão”, por exemplo, é importante que haja “fontes complementares de cortiça” que, “de maneira sustentada”, ajudem “a fortalecer a indústria da cortiça”.

Quanto ao sobreiro, árvore bem portuguesa, “é a árvore que produz uma cortiça adequada à utilização que lhe damos, principalmente para rolhas em garrafas de vinho. São as rolhas de maior qualidade, adaptadas à função de vedar garrafas de vinho, permitir uma evolução adequada do vinho para desenvolver os seus aromas e o seu gosto”, explica ainda Helena Pereira.

“Mas a diversidade do mundo vegetal é muito grande e temos outras espécies em cujas cascas também há uma quantidade grande de cortiça que poderá, potencialmente, ser aproveitada para utilizar, apesar das suas limitações”, acrescenta.

Helena Pereira e Carla Leite admitem que têm uma ou outra peça em cortiça, mas há outras que são muito caras para os seus bolsos. “É o caso de uma chaise-longue”, admite Helena Pereira.

A investigadora explica, por outro lado, porque “é natural que seja cara: porque a cortiça é um material nobre, demora bastantes anos a ser feito e tem uma mão-de-obra ainda bastante cara”.

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