07 fev, 2017 - 18:10 • Pedro Rios , Filomena Barros
Uma das casas demolidas esta terça-feira. Foto: Filomena Barros/RR
A Câmara da Amadora rejeita as críticas dos moradores e de associações e defende que as demolições desta terça-feira no Bairro 6 de Maio basearam-se em “provas fundamentadas” que demonstram que os habitantes das casas não tinham direito às mesmas.
No local, a Renascença ouviu críticas de moradores. Queixam-se de não ter sido avisados pelas autoridades e de uma actuação violenta por parte da PSP - três polícias e um morador sofreram ferimentos na sequência de uma troca de agressões.
No bairro reina o receio: é o caso de Amália, desempregada, que mora com dois filhos e uma neta de quatro meses. Diz que, devido à sua situação económica, não consegue encontrar alternativa de alojamento.
“A Câmara Municipal da Amadora procedeu hoje à demolição de quatro construções degradadas no núcleo do bairro, bem como de um anexo referenciado como local utilizado para práticas ilícitas”, afirma a autarquia em comunicado.
No comunicado, a autarquia elenca as situações que levaram aos quatro despejos:
A câmara garante que as decisões de demolir as quatro casas, tal como todas as que são tomadas “no âmbito dos processos de erradicação dos bairros degradados”, “encontram-se fundamentadas em provas documentais, pelo que, ao contrário do que é veiculado por moradores e associações através dos órgãos de comunicação social, estas decisões não são tomadas de forma arbitral [sic] [arbitrária] e levianamente”.
A autarquia diz que “encontra-se a dar cumprimento ao Programa Especial de Realojamento – PER, criado em 1993 para as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto”.
Através do PER, que a autarquia rejeita interromper, a Câmara da Amadora “já procedeu à erradicação de mais de 20 núcleos degradados dos 35 existentes, tendo realojado mais de três mil agregados familiares”.
“Desde o início da erradicação do Bairro 6 de Maio já foram solucionados os problemas habitacionais de 189 famílias, através do arrendamento social (realojamento) e de outros programas habitacionais municipais, estando ainda 72 famílias a aguardar o seu realojamento em habitações condignas.
Durante as acções de despejo registaram-se episódios violentos. Segundo a PSP, três elementos da polícia foram agredidos por um morador, enquanto a associação Habita afirma que foi a polícia a agredir o morador.