14 fev, 2017 - 22:03
O deputado municipal do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) sugere uma actualização da toponímia da Praça do Império, na freguesia de Belém, em Lisboa, que se passaria a chamar Praça da Lusofonia.
"Acho que deve haver uma alteração da toponímia para Praça da Lusofonia e até poderia ter brasões dos novos países" desta comunidade, afirmou o deputado municipal na discussão da petição "Pela Preservação dos Brasões do Império", entregue na Assembleia Municipal de Lisboa (AML) com 1.896 assinaturas.
O documento, que chegou à AML em Setembro, baixou às comissões permanentes de Ambiente e Cultura, dando origem a uma recomendação que solicita à Câmara que pondere recriar as composições florais do jardim da Praça do Império e que "acautele a preservação da história" do espaço.
Na opinião do deputado do PAN, se Lisboa quer "celebrar a amizade com povos", isso "hoje não se acha império, mas sim lusofonia".
Segundo Miguel Santos, "há um equívoco base", nomeadamente se a cidade "quer ou não que aquilo seja a Praça do Império".
"Se quisermos, os brasões estão lá muito bem", concretizou, advogando que seria "um absurdo remodelar a Praça do Império e descaracterizá-la".
Junta contra mudanças de nome
O presidente da Junta de Freguesia de Belém defendeu a manutenção do nome da praça, sublinhando que "não tem sentido mudar os nomes" de situações históricas.
Fernando Ribeiro Rosa (PSD) apontou ainda que "a Junta está disposta a reabilitar a praça".
Em Julho passado, a Câmara de Lisboa aprovou, com os votos contra da oposição, a decisão do júri do concurso de ideias lançado para a renovação do Jardim da Praça do Império, que não prevê a recuperação dos brasões florais.
Na altura, os autores do projecto justificaram à Lusa que a manutenção dos brasões florais "é uma coisa muito trabalhosa" e que "a Câmara não tem capacidade para fazer muito trabalho por metro quadrado porque tem muitos jardins".
Esta terça-feira, a Assembleia Municipal de Lisboa votou a recomendação das comissões permanentes de Ambiente e Cultura.
A votação decorreu por pontos, tendo os deputados aprovado aquele que sustenta que a Câmara devia "ponderar a adequação de uma futura classificação autónoma da Praça" com votos contra do PSD e MPT, a abstenção do PAN, CDS-PP e Parque das Nações por Nós (PNPN), e os votos favoráveis de PCP, PEV, BE, PS e deputados independentes (eleitos nas listas socialistas).
Já a "recriação dos brasões alusivos aos distritos e às ordens militares no contexto de um espaço verde, na zona envolvente ou noutro ponto da cidade", foi também aprovado, mas com votos contra de cinco deputados independentes, PSD e CDS-PP, a abstenção de PNPN, PAN, MPT, PCP, PEV, BE e um deputado independente, e o aval do PS.
Já o ponto que apela à "preservação da história e memória do local através da implementação de um percurso interpretativo no túnel de acesso ao Padrão dos Descobrimentos", mereceu os votos contra de PSD, MPT e CDS-PP, a abstenção do PNPN e PAN, e votos favoráveis das restantes forças políticas.
Ânimos exaltados
Durante a discussão do tema, na qual os ânimos chegaram a estar exaltados, o PCP defendeu a retirada dos "quatro brasões colonialistas", opinião partilhada pelo BE, mas da qual o CDS-PP discordou, defendendo a sua manutenção.
Também o MPT, que pôs e tirou o chapéu aos vários momentos deste processo, sublinhou: "chapéus há muitos, os brasões da Praça do Império há estes e mais nenhuns".
Por seu turno, o vereador da Estrutura Verde da Câmara, José Sá Fernandes, vincou que "há 25 anos que não existe um brasão representado na Praça do Império, não se consegue distinguir nenhum".
O Jardim da Praça do Império foi construído em 1940, por altura da "Exposição do Mundo Português". Anos mais tarde, foram ali colocadas 30 composições florais em forma de brasão representando as armas das capitais portuguesas e das ex-províncias ultramarinas.