17 fev, 2017 - 14:42
A emissão de dióxido de enxofre, devido ao incêndio ocorrido num armazém, na Mitrena, em Setúbal, na terça-feira, "foi devidamente acompanhada e monitorizada em termos de qualidade do ar", garantiu esta sexta-feira a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
"Os meios existentes, as estações, os modelos e a estrutura de acompanhamento permitiram acompanhar a ocorrência de forma eficaz", refere um comunicado da APA, salientando "a prontidão da actuação por parte dos responsáveis das redes privadas".
Assim, "neste contexto, o recurso a uma unidade móvel de monitorização de qualidade do ar não teria relevância".
O especialista em qualidade do ar Francisco Ferreira defendeu, esta sexta-feira, ter havido uma subavaliação das concentrações de dióxido de enxofre resultantes do incêndio, uma vez que a unidade móvel da APA estava avariada.
“Talvez tivéssemos tido capacidade de reagir mais cedo, se tivéssemos lá a unidade móvel, ou uma medição – não precisa de ser carrinha toda equipada -, um equipamento portátil que permita avaliar concentrações de dióxido enxofre e não apenas de acidez no ar, que foi o que foi feito na terça-feira”, afirmou.
No programa Carla Rocha – Manhã da Renascença, Francisco Ferreira reagia a uma informação divulgada pelo jornal Público, segundo a qual a unidade móvel da APA avariou e, por isso, não pode ser usada no dia em que o incêndio deflagrou.
A APA refere que todas as zonas do país são avaliadas por estações fixas de monitorização da qualidade do ar com medição em contínuo, da rede oficial da responsabilidade das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e das Direcções Regionais de Ambiente da Madeira e dos Açores.
Em zonas industriais existem ainda outras redes de qualidade do ar, complementares à rede oficial, acrescenta.
Assim, na situação decorrente do incêndio na Mitrena, as redes da Valorsul e da Secil Outão registaram valores horários acima do valor limite do poluente tóxico dióxido de enxofre que "foram imediatamente comunicados à CCDR Lisboa e Vale do Tejo e à APA, tendo-se iniciado, por parte de todas as entidades, um processo de acompanhamento em tempo real".
Foi identificada, na terça-feira, segundo a APA, "uma excedência de uma hora na estação de Alverca, corroborada pelas estações da Valorsul, que normalizou na hora seguinte, situação que foi devidamente notificada e noticiada".
No dia seguinte, a rotação dos ventos para o quadrante leste levou a que a nuvem de enxofre se dispersasse sobre a Península de Setúbal, com registo nas estações da Secil de valores de dióxido de enxofre acima de 500 microgramas por metro cúbico (ug/m3), o limite que exige informação à população.
"Esta situação desencadeou de imediato uma atuação de emergência conjunta entre as entidades da saúde, da protecção civil, do ambiente e da meteorologia que acompanharam em permanência até ao final do episódio de poluição", encerrado na quarta-feira, descreve a APA.
O prognóstico da evolução da situação foi complementado com recurso a informação adicional relativa à dispersão da nuvem através de modelos matemáticos.
Actualmente, realçou a APA, "continuam a registar-se valores de dióxido de enxofre muito abaixo do valor limite, não representando qualquer risco para a saúde humana".
O incêndio que deflagrou na madrugada de terça-feira nos armazéns de enxofre da Sapec Agro, e que só foi considerado extinto na quinta-feira, pouco depois das 09:00, provocou ferimentos ligeiros em 20 pessoas, entre as quais 10 bombeiros e quatro crianças.