13 mar, 2017 - 10:05 • Sandra Afonso
Veja também:
É feita de coincidências a história que liga Ana Gomes às investigações feitas à zona franca da Madeira. A eurodeputada apresentou um relatório no Parlamento Europeu que denuncia a alegada utilização abusiva da zona franca para branqueamento de capitais e evasão fiscal.
À Renascença, disse mesmo que funciona com a cobertura de advogados, políticos e membros do Governo, como Paulo Núncio, antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.
Um dia antes da apresentação do relatório, um consórcio internacional de jornalistas publicou uma investigação sobre a zona franca da Madeira com as mesmas denúncias e donde decorreram várias notícias.
Na opinião de Roy Garibaldy, da Sociedade de Desenvolvimento da Madeira, não há coincidências: “Estas notícias que saíram agora não são o resultado do trabalho deste consórcio”.
“Isto nasce de uma iniciativa da eurodeputada Ana Gomes, que, como é sabido, é uma inimiga de longa data da zona franca da Madeira. Foi um relatório que ela fez no âmbito do Parlamento Europeu e que fez chegar a estes órgãos de comunicação social. Foi essa a origem de todas estas notícias”, acusa.
Ana Gomes nega. "Não é verdade que a investigação do consócio de jornalistas tenha sido por minha iniciativa ou que eu tenha estado de alguma maneira a desencadear isso – pelo contrário, foi em Novembro passado que esses jornalistas entraram em contacto comigo”.
A eurodeputada explica que o consórcio já estava “com uma investigação em curso” e quis saber a sua opinião como “vice-presidente dos ‘Panama Papers’ do Parlamento Europeu e deputada portuguesa”.
“Tendo tomado conhecimento de que estava em curso essa investigação, tomei eu própria a iniciativa de me deslocar à Madeira, de avisar e falar com vários interlocutores, e foi com base nisso que elaborei um documento que entreguei à comissão de investigação dos ‘Panama Papers’, no dia a seguir a esse consórcio de jornalistas ter publicado a sua própria reportagem sobre o centro de negócios da Madeira”, adianta ainda à Renascença.
O documento implica o ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais Paulo Núncio, sobre cujo envolvimento a Renascença tenta, há mais de duas semanas, obter respostas junto do Ministério das Finanças. Até ao momento, o gabinete de Mário Centeno não respondeu a qualquer das questões levantadas.