13 mar, 2017 - 06:34
O Ministério Público interroga esta segunda-feira, pela terceira vez, José Sócrates, arguido no processo "Operação Marquês", a escassos quatro dias do prazo anunciado para a conclusão do inquérito.
O interrogatório a ex-primeiro-ministro - indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais - deverá incidir sobre os últimos elementos dos autos relacionados com os negócios da Portugal Telecom (PT) e com a transferência de vários milhões de euros do Grupo Espírito Santo (GES) para o empresário Carlos Santos Silva, apontado como o ‘testa de ferro’ do antigo líder socialista.
“Sem factos ou provas que sustentassem as imputações que lhe serviram para prender José Sócrates, o Ministério Público ensaia agora nova fuga para a frente e tenta envolver José Sócrates nos processos da PT e do BES”, consideraram em comunicado, na sexta-feira, os advogados do ex-primeiro-ministro.
Para concretizar a diligência, o MP notificou a defesa para comparecer hoje no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Lisboa, solicitando à defesa que notificasse Sócrates para o interrogatório complementar.
Contactado no domingo, João Araújo garantiu à Lusa que Sócrates vai efectivamente comparecer ao interrogatório, depois de terem surgido dúvidas sobre a forma escolhida para notificar o ex-primeiro-ministro.
Processo conta com 25 arguidos
A inquirição de Sócrates surge após o empresário Carlos Santos Silva ter sido novamente interrogado, na passada sexta-feira, com a Procuradoria-Geral da República a divulgar que "estão, ainda, previstos interrogatórios de outros arguidos no decurso" da semana que hoje se inicia.
Com esta ‘maratona’ de interrogatórios na recta final do prazo para a conclusão do inquérito, têm crescido as dúvidas sobre se o MP terá a investigação completamente pronta até dia 17.
A "Operação Marquês", conta até ao momento, com 25 arguidos - 19 pessoas e seis empresas, quatro das quais do Grupo Lena.
Entre os arguidos estão Armando Vara, ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos e antigo ministro socialista, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista de Sócrates, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, ex-administradores da PT, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Hélder Bataglia.