13 mar, 2017 - 14:24
O antigo primeiro-ministro José Sócrates está a ser interrogado, esta segunda-feira à tarde, no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), em Lisboa, no âmbito da Operação Marquês.
Em declarações aos jornalistas, questionado sobre se recebera 18 milhões de euros de Ricardo Salgado, do Banco Espírito Santo, Sócrates garantiu: "Nunca recebi dinheiro de ninguém".
O interrogatório a Sócrates – indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais – deverá incidir sobre os últimos elementos dos autos relacionados com os negócios da Portugal Telecom e com a transferência de vários milhões de euros do Grupo Espírito Santo para o empresário Carlos Santos Silva, amigo do ex-primeiro-ministro.
Sócrates disse que a única intervenção que teve na PT "foi legítima e foi no âmbito da 'golden share' e que se destinou a impedir a venda da Vivo com divisão de dividendos pelos diversos accionistas".
"Essa intervenção foi contra os interesses de Ricardo Salgado, do BES e da administração da PT. Querem agora reescrever a história", sustentou.
"Este tem sido o padrão deste inquérito, com campanhas de difamação na comunicação social. Só utiliza estes métodos quem está inseguro e não está confiante", disse o antigo primeiro-ministro para quem existe uma "campanha de insinuações delirantes, absurdas, falsas e mentirosas" que o querem apontar como "próximo de Ricardo Salgado e do BES".
É a terceira vez que o Ministério Público interroga Sócrates enquanto arguido no processo "Operação Marquês". Este interrogatório surge a quatro dias do prazo anunciado para a conclusão do inquérito.
A tese do MP
No sábado, 11 de Março, o semanário "Expresso" e o jornal "Correio da Manhã" avançaram, citando fontes do MP, que Sócrates será acusado de corrupção passiva, fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Segundo o “Expresso”, os investigadores têm prova consolidada para a acusação. O semanário avançou que Sócrates terá recebido 23 milhões de euros através de contas na Suíça, alegadamente do amigo Carlos Santos Silva, mas que na verdade seriam suas. O “Correio da Manhã” fala em 32,8 milhões de euros.
O dinheiro recebido pelo ex-primeiro ministro terá servido, segundo a tese da investigação, para beneficiar o empreendimento de Vale de Lobo, no Algarve, e para atribuir ao Grupo Lena empreitadas do Parque Escolar e promover a sua expansão internacional, nomeadamente para a Venezuela.
O grande suborno, que o “Expresso” quantifica em 17,5 milhões, terá sido recebido do Grupo Espírito Santo (GES), como compensação por José Sócrates ter apoiado os interesses de Ricardo Salgado em negócios-chave da PT: o chumbo da OPA feita pela Sonae, entre 2006 e 2007, e a venda da VIVO à Telefónica, com posterior compra da OI brasileira, em 2011.
A entrada para este novo interrogatório, Sócrates garantiu que vai responder a todas as questões colocadas pelo Ministério Público (MP), acrescentando que é o MP que "tem de dar explicações".
O interrogatório a Sócrates - indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais - deverá incidir sobre os últimos elementos dos autos relacionados com os negócios da Portugal Telecom e com a transferência de vários milhões de euros do Grupo Espírito Santo para o empresário Carlos Santos Silva.
Sócrates reafirmou que está a ser alvo de uma "campanha maldosa e difamatória", considerando que "estes métodos põem em causa e ferem a credibilidade de quem quer actuar com decência num processo".