20 mar, 2017 - 08:01
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Doze clientes lesados do Banif (e do Santander, como fazem questão de dizer) estão, esta segunda-feira de manhã, acorrentados em frente aos escritórios do banco espanhol.
Queixam-se de terem sido esquecidos e reclamam um tratamento igual ao que foi dado aos lesados do Banco Espírito Santo (BES).
Há um ano que esperam por uma solução e ainda não obtiveram resposta, alegam. Dizem-se lesados também do Santander, porque, como explicou um dos manifestantes à Renascença, o banco comprou a franquia do Banif e transferiu os clientes para o Santander, alterando, nessa transição, as condições de crédito.
Além disso, dizem ter recebido uma carta com um tom ameaçador, a pedir que não fosse usado o nome, marca e imagem do Santander nas comunicações dos lesados – isto, porque, segundo o banco espanhol, as pessoas que subscreveram produtos de investimento junto do Banif não sofreram qualquer lesão por parte do Santader Totta e, portanto, não podem intitular-se como lesados.
Os lesados do Banif, por seu lado, o que querem é sentar-se à mesa com o Santander e resolver, de vez, todas as questões.
Um ano à espera
Em menos de uma década, o Banif protagonizou a terceira história de ruína no sistema financeiro português. Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, voltou a estar no centro da polémica.
Tudo começou em 2011. As contas do Banco Internacional do Funchal entraram no vermelho e o Governo de Pedro Passos Coelho decidiu nacionalizá-lo, injectando 1.100 milhões, dos quais recuperou 275 milhões.
A solução encontrada, depois de muita polémica, chegou em Dezembro de 2015, com o Santander Totta a comprar o Banif por 150 milhões de euros. Mas os 500 clientes lesados do Banif não ficaram satisfeitos e decidiram avançar com acções judiciais.
Comparando com a solução encontrada para os lesados do BES, dizem ter havido “dois pesos e duas medidas”, algo que não aceitam. Exigem, por isso, ser ressarcidos dos seus valores.
Em Fevereiro de 2016, o presidente da comissão executiva do Santander Totta disse, nos Açores, que estava a ser estudada a situação dos clientes do ex-Banif subscritores de obrigações subordinadas.
Em Dezembro do ano passado, em entrevista à Renascença e jornal “Público, Diogo Lacerda Machado, negociador em nome do Governo no caso dos lesados do Banco Espírito Santo, reconheceu que a solução do Santander pode não ser a ideal.
“Pode ser que o banco Santander, tendo percebido que a solução não funcionou para a larguíssima maioria destes lesados, desenhe agora uma outra solução”, admitiu, fazendo também saber ao Santander que tal proposta “seria certamente um gesto muito apreciado” e que as conversas exploratórias que manteve com o banco de capital espanhol correram bem.
“Não senti que não viesse a haver uma possibilidade adiante. Não mais do que isso”, rematou.