21 mar, 2017 - 07:26
O Governo vai avançar com o registo de terras gratuito, nos próximos dois anos, para conhecer os terrenos sem dono, que serão integrados num banco de terras. Esta é uma das 10 medidas que vão ser aprovadas, esta terça-feira, num Conselho de Ministros extraordinário sobre floresta.
Os municípios ganham poderes e responsabilidades na nova reforma. Está previsto que passem a poder dar autorização para plantações, mas também passam a ter a obrigação de fiscalizar.
Em declarações à agência Lusa, o ministro da Agricultura, Luís
Capoulas Santos, explicou que caberá ao ministério da Justiça criar o balcão
único físico em todas as conservatórias do registo predial e um balcão virtual,
sem custos ou emolumentos, para os interessados em registar as suas propriedades.
"Muitas vezes uma das razões que leva as pessoas a não registarem os seus prédios e, sobretudo quando existem heranças, é porque o custo da burocracia é superior ao valor do próprio prédio rústico", informou.
Na sequência dos registos, ficarão conhecidos, por exclusão, os terrenos sem dono conhecido, que serão integrados num banco, que agregará essas terras para serem exploradas, preferencialmente por cooperativas de produtores florestais.
"O Governo cederá por arrendamento e, mais tarde, admite vender às pessoas, que depois de vários anos de boa gestão, comprovem ser merecedores de virem a tornar-se proprietários", referiu o governante, referindo ter sido definido como área mínima de atribuição 100 hectares e que "pelo menos 50% da área deve ter cinco prédios inferiores a cinco hectares".
O Executivo socialista somará este banco de terras à bolsa de terras criado pelo Governo da coligação PSD/CDS, que passa por apresentar terras para arrendar e vender.
Reforma através de 12 diplomas
A Conselho de Ministros, que se realizará no Palácio de Monserrate, em Sintra, irá ainda a criação de entidades gestoras e o regime de incentivos fiscais "muito generosos, que se aplica quer às novas entidades, quer aos associados e proprietários florestais que integrem os seus terrenos nessas novas entidades".
A reforma "para muitas décadas" do sector florestal será feita através de 12 diplomas, dos quais dois já estão em vigor, e servirá para "dar resposta a um problema tormentoso que há muitas décadas aflige o país: o abandono e má gestão" das florestas, um "activo riquíssimo".
"A reforma, no seu todo, visa reduzir o risco de incêndios, já que num clima mediterrânico nunca será possível eliminá-lo a 100%. O que queremos é reduzir tanto quanto possível o risco de incêndio", acrescentou.
O novo pacote legislativo também inclui a reformulação do sistema de prevenção de incêndios, disse.
Para os municípios serão transferidas competências, enquanto nos Planos Directores Municipais estará a componente florestal para saber "o que se pode plantar, onde e como", anunciou ainda Capoulas Santos.
Esta terça-feira decorrerá, em Sintra, o segundo Conselho de Ministros dedicado à floresta, num espaço de cinco meses, depois da realização de uma reunião na Lousã no final de Outubro de 2016.