27 mar, 2017 - 12:19
O número de atendimentos na Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), entre 2014 e 2016, aumentou 8,1%. Todos os dias, em média, 14 mulheres, três idosos, duas crianças e dois homens são atendidos na APAV.
Estes dados fazem parte do Relatório Anual da APAV relativo a 2016. Segundo as estatísticas, no ano passado, foram apoiadas 5.226 mulheres, 1.009 pessoas idosas, 826 crianças e jovens e 826 homens.
Em 2016, a APAV realizou 35.411 atendimentos (32.770 em 2014 e 34.327 em 2015). Destes atendimentos, resultaram 12.450 processos de apoio à vítima, nos quais se identificaram 9.347 vítimas directas de 21.315 crimes e outras formas de violência.
Perante estes dados, a responsável pela Unidade de Estatística da APAV, Elsa Beja, explica, à Renascença que “este aumento de 8,1% significa que as situações são mais complexas, e, nesse sentido, os utentes que procuram a APAV têm um atendimento mais continuado no tempo, pelo que acabam por usufruir de um maior número de atendimentos, daí este acréscimo nestes três anos”.
As mulheres continuam a ser as vítimas de crimes que mais recorrem à APAV. Dos 12.450 utentes assinalados pela associação em 2016, 9.347 foram vítimas de crime, das quais 7.654 eram mulheres (81,9%), com idades compreendidas entre os 25 e os 54 anos (40,6%) e viviam numa família nuclear com filhos (35%).
“Mais de 80% das nossas vítimas são mulheres, com uma média de idades de 50 anos, casadas, de uma família nuclear com filhos. Em termos de grau de ensino, distribuem-se pelo Ensino Superior, Secundário e terceiro ciclo. Cerca de 30% destas mulheres estão desempregadas. No maior parte dos casos, mantêm com o autor do crime uma relação de conjugalidade”, explica Elsa Beja.
No entanto, “estão a aumentar os casos de idosos vítimas de crime e também e homens maiores de 18 anos”.
Relativamente aos crimes e outras formas de violência registados, destacam-se os crimes contra as pessoas, que representam 93,3% do total. Destes, o destaque vai para os crimes de maus-tratos físicos e psíquicos (77%).
Mas “estão a aumentar outros tipos de crimes, como o ´stalking’, ou de assédio permanente, que representa 1.9%. Os casos de bullying estão, também, a ter uma prevalência cada vez maior”.