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Reportagem

Sem Caixa, população de Merceana fica “um bocadinho em choque”

31 mar, 2017 - 17:47 • Eunice Lourenço

Na aldeia do concelho de Alenquer com cerca de dois mil habitantes, onde o verde das vinhas impera, o “homebanking” é coisa de poucos e o Multibanco uma máquina que muitos ainda não sabem usar.

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A aldeia de Merceana não é sequer sede da freguesia, mas não deixa por isso de ser um ponto central entre os concelhos de Alenquer, Torres Vedras e Sobral de Monte Agraço. É ali que as pessoas das aldeias vizinhas vão ao médico, à farmácia e ao banco. Até ao fim do ano, os habitantes deste lugar da freguesia de Aldeia Galega vão ficar sem o balcão da Caixa Geral de Depósitos.

“A população está um bocadinho em choque. Não estávamos à espera”, diz Andreia Gomes, 44 anos sempre ali vividos. “Vai trazer muitas condicionantes ao comércio e à população”, acrescenta.

Toda a freguesia tem cerca de dois mil habitantes, à semelhança das freguesias vizinhas, onde o verde das vinhas impera. É o chamado alto concelho de Alenquer, a parte mais a Norte de um concelho extenso em território, mas parco em população nas suas zonas mais rurais.

São terras despovoadas e envelhecidas, onde o “homebanking” é coisa de poucos e o Multibanco uma máquina que muitos ainda não sabem usar.

Por estas aldeias, muita gente vai ainda levantar a sua reforma ao banco. E até quem faça levantamentos de um ou dois milhares de euros para ter dinheiro em casa não ter de ir tantas vezes à Merceana. Quando o agência fechar, as soluções passam a ser Sobral, Alenquer ou Torres Vedras, todas a cerca de 15 quilómetros de Merceana, o que para as aldeias ainda mais a norte e pouco servidas por transportes públicos significa deslocações de 20 quilómetros.

“O banco é utilizado por toda agente, não só pelas pessoas mais idosas que vêm aqui levantar as sua reformas e depois vão aos comércios e serviços da Merceana fazer as comprar e suprir as necessidades que têm com o dinheiro que vêm levantar, como também para o comércio, para as quintas que existem aqui, para todas as actividades ….”, lamenta Andreia Gomes, deixando a previsão: “Acho que vai ser mau para todos porque as pessoas vão deixar de vir à Merceana”.

No largo, frente à igreja, junto ao coreto, Maria do Rosário e Célia, duas auxiliares de acção educativa, param para comentar o assunto do dia e que até levou a televisão até à Merceana. Dizem que já há um abaixo-assinado a correr para impedir o encerramento do balcão do banco. Mas não têm grandes esperanças no efeito das assinaturas.

“Sendo um banco público, temos o direito de reclamar esta agência que está aqui há 60 anos”, diz o presidente da junta da união de freguesias de Aldeia Gavinha e Aldeia Galega da Merceana, Fernando Gomes Franco, conhecido em todas as redondezas como “o Fernando da farmácia”.

A agência da Merceana é um dos quatro balcões da Caixa Geral de Depósitos no concelho de Alenquer. A de Abrigada – do outro lado da Serra do Montejunto – também vai fechar. Ficam abertas as de Alenquer e do Carregado, as mais urbanas e populosas.

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  • otário cá da quinta
    01 abr, 2017 coimbra 12:45
    Eu acho graça a estas populações e aos empregados destas agencias bancárias e nem só e porquê ? Eu explico: Eu sempre fiz a minha declaração de IRS em papel e podia a fazer pela internet. Um dia aqui em Coimbra fui entregar a declaração às Finanças e um empregado meu conhecido diz-me´: Ó pá, porque não entregas pela internet e eu disse-lhe que o fazia em papel para ver se conservava o emprego dele e possivelmente os dos filhos dele, etc.. Quanto aos bancos, antigamente via-se um regimento de funcionários a atenderem aos balcões as pessoas, hoje, nada, as máquinas fazem tudo. Ora o que estão lá os empregados a fazer ? Nada e se alguém lhes vai fazer alguma pergunta, etc. a vontade de atender não é nenhuma e veja-se, no tempo em que eram regimentos de empregados aos balcões atenderem as pessoas, os bancos não iam assim ás falências e ainda pagavam alguma coisa pelas economias que nós lá tínhamos, hoje nada. Portanto. se todos acham bom as máquinas de multibanco, a entrega da declaração do IRS pela internet e ainda pagamos a internet para o fazer e fazemos de empregados à BORLA, alguém tem que reclamar por fecharem estas agencias ? claro que não, os patrões não têm nada que pagar a quem nada faz. Neste caso fazem muito bem e a malta que vá trabalhar noutra vida que não são ais do que eu fui.

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