06 abr, 2017 - 10:29
Um dos arguidos no caso da morte de dois instruendos do 127.º curso de Comandos, o capitão-médico Miguel Domingues, foi condecorado esta quarta-feira com a medalha de comportamento exemplar no grau prata.
Miguel Domingues, um dos 18 arguidos no inquérito, foi condecorado com a medalha que premeia “a exemplar conduta moral e disciplinar”. A Renascença teve acesso a um vídeo do momento da condecoração.
O porta-voz do Exército explica que a condecoração resulta de um procedimento automático. Na Manhã da Renascença, Vicente Pereira explicou que o procedimento foi activado antes dos acontecimentos trágicos do 127.º curso de Comandos.
“É bom referir que, de acordo com o regulamento, esta medalha é concedida a todos os militares que completem 15 anos de serviço efectivo sem qualquer pena disciplinar ou criminal até ao momento em que ela é conferida”, argumenta o tenente coronel.
"Em Setembro de 2016, ele [Miguel Domingues] completou os tais 15 anos sem qualquer pena disciplinar ao serviço do Exército, com competência e demonstração das suas capacidades. Como tal, é de toda a justiça que ele, em Setembro de 2016, ao completar os 15 anos, receba a medalha", acrescenta.
O Exército "não teme" eventuais más interpretações da condecoração. "Não há motivo nenhum legal nem seria correcto da parte do Exército criar um motivo artificial para que o militar não receba a medalha", defende. "E esperamos que o militar continue a servir o Exército com a mesma dedicação."
Mais médicos
Na Manhã da Renascença , Vicente Pereira revelou ainda novos detalhes sobre o curso 128.º de Comandos, que começa esta sexta-feira. Vão passar a ser quatro os médicos a acompanhar em permanência o curso, quando até agora eram dois. Já nas provas de maior risco, o pessoal médico e de enfermagem também será reforçado.
Em Setembro de 2016, no decorrer do 127.º curso de Comandos, morreram dois militares na sequência de um golpe de calor. O curso registou também o maior número de desistências dos últimos quatro, com 27 dos 67 formandos iniciais a decidirem abandonar a formação.
O processo sobre a morte dos recrutas dos comandos Hugo Abreu e Dylan Araújo Silva tem agora 18 arguidos, faltando ainda ouvir o tenente-coronel Mário Maia, director do curso e destacado em missão em Angola, que informou o Ministério Público estar apenas disponível para vir a Portugal em Junho.