Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Tecnologia. Jovens dependentes são rapazes com acesso à internet desde os 5 anos

18 abr, 2017 - 12:30

Psicóloga do Núcleo de Utilização Problemática da Internet do hospital de Santa Maria esteve na Renascença para falar sobre a dependência à internet no computador, no telemóvel ou no tablet.

A+ / A-

Veja também:


Um estudo do Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA) indica que o perfil do jovem dependente corresponde a uma pessoa do sexo “masculino, com acesso à internet entre os 5 e os 8 anos, sem qualquer supervisão parental”.

A revelação é feita na Renascença por Ivone Patrão, psicóloga clínica, professora e autora do livro “Geração cordão – a geração que não desliga”. A amostra do estudo foi de três mil jovens portugueses.

“A internet já existe há duas ou três décadas, mas agora é que vamos começar a sensibilização, porque agora é que surgiram as situações mais complexas”, afirma no programa Carla Rocha – Manhã da Renascença.

Ivone Patrão diz que é desde cedo que começa a educação para a internet. “Temos de começar desde cedo a falar das tecnologias. A dar-lhes as tecnologias, mas de forma saudável e com as regras de uso”.

“Se começarmos dessa forma não tem mal e vamos mais tarde apresentar-lhes as redes sociais e o e-mail, que são formas de comunicar, mas obviamente tem de ser uma passagem, tem de ser feito ao longo do tempo”, defende.

A psicóloga integra o primeiro gabinete de tratamento da dependência das tecnologias em Portugal: o Núcleo de Utilização Problemática da Internet, no Hospital de Santa Maria.

Tudo “começou com os simples casos das queixas dos professores e dos pais de que ‘ele é hiperactivo’”, diz.

“Quando íamos pesquisando melhor, aqueles jovens e crianças iam ficando com os telemóveis, computadores e tablets até tarde e dormiam com eles debaixo dos lençóis e os pais nem davam conta. Depois íamos ver e tinham alterações no sono e irritabilidade e não era nada hiperactividade, era outra coisa para investigar”, conta.

Assim nasceu a primeira consulta no país sobre este tipo de dependência.

Ivone Patrão destaca que os jovens têm outros interesses – seja no campo da música, do desporto ou da cultura – e que é “muito importante” perceber quais são.

“Muitas vezes não lhes oferecemos essas actividades ou a disponibilidade de ir com eles. E não são actividades, muitas vezes, que requeiram dinheiro e gasto acrescido. São sem tecnologia e também importantes para o desenvolvimento deles”, destaca a especialista.

No seu livro, a psicóloga revela exemplos positivos de crianças que usam a tecnologia com quatro ou cinco anos, mas de maneira pedagógica.

“Vão pesquisando o tema e enriquecendo o seu conhecimento, mas nunca ficando por aí – depois vão ver no terreno como é que as coisas se passam. Se fazem um projecto de bombeiros, por exemplo, vão pesquisar tudo na internet e depois vão visitar [um quartel]. Ver o mundo real”.

As escolas são outro cenário a que convém estar atento. Segundo Ivone Patrão, não são só os pais que vivem dificuldades por causa da dependência da tecnologia por parte dos filhos.

“Os professores também vivem dias difíceis com o wifi na escola e com alunos a terem aplicações no telemóvel que desligam os projectores de vídeo e depois os professores não conseguem dar aulas”, revela a especialista.

Por isso, fica o apelo: “pais e professores, conversem uns com os outros, arranjem um sistema de coerência na vossa comunidade de como gerir a vossa tecnologia, porque se em casa existirem umas regras e na escola outras baralha tudo”.

E se pensa que ter uma ferramenta de controlo parental no telemóvel é a solução, desengane-se: “eles controlam aquilo em segundos e conseguem dar a volta”.

O importante é, pois, que haja regras e que elas sejam cumpridas por miúdos e graúdos.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • José Guimarães
    19 abr, 2017 Valongo 12:52
    Este é talvez o maior problema das crianças, adolescentes, jovens e adultos. A minha opinião vale o que vale, como a de qualquer cidadão, mas acerca de 4 anos que dialogo ou crítico, familiares e amigos Sem dúvida que o aparecimento do telemóvel foi um avanço tecnológico gigantesco. A Internet e a "porcaria" das redes sociais, fomentaram o desempenho, viciaçao, dependência, marginalidade, pedofilia, suicídio, homicídio, separações e A MAIOR FALTA DE RESPEITO E DE EDUCAÇÃO, da história de Portugal. E não existe solução para esta postura e conduta dos cidadãos. É preciso legislar no sentido de codificar o acesso à internet. Intetnet para entretenimento e para profissionais. Limitar a idade de acesso ao telemóvel para os 10 anos de idade. Tablet e smartphone apenas aos 16 anos. Para o acesso às redes sociais, só a partir dos 18 anos de idade. Os tablets e smartphones nas mãos de crianças de tenra idade, estou convicto, que vão provocar graves problemas de oftalmologia, obesidade e novas patologias inimagináveis. Vivemos numa sociedade virtual., que perdeu o humanismo, o respeito e a educação. A juventude deverá ser vista como "flores", mas era antes, atualmente e para futuro, são uns mal exucados e "porcos". Que venha o tempo da carta, do bilhete postal, dos professores à moda antiga e os encarregados de educação mais bem formados em todos os aspetos. ver esta juventude sem educação, com tatuahens, brinco, calças rotas e agarrados ao smartphone... Que vergonha!🙊

Destaques V+