18 abr, 2017 - 09:53
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O presidente da Associação de Medicina Geral e Familiar diz-se chocado com a recusa de alguns pais em vacinar os filhos, pondo em causa toda a comunidade.
“É preocupante e não posso admitir que possa haver opção de não vacinar em relação ao sarampo”, afirma Rui Nogueira na Renascença.
“Não só põe em causa a vida das crianças – e estamos a falar em crianças que ficam indefesas por uma doença muito grave – mas também a comunidade. Esta doença facilmente se transmite à comunidade e, portanto, é uma irresponsabilidade muito grande não vacinar as crianças”, realça.
Portugal vive uma epidemia de sarampo, doença que já estava erradicada no país e que agora afecta mais de duas dezenas de pessoas. Há mais cinco casos em investigação.
“A vacinação para estas doenças deve ser obrigatória. Choca-nos quando se ouve dizer que há pais que não querem vacinar os filhos. A dúvida põe-se em relação a outras, mas em relação ao sarampo é inequívoca a nossa aprendizagem sobre a doença e sobre a vacinação, ao longo dos últimos anos”, frisa Rui Nogueira.
Já na segunda-feira, o director-geral da Saúde, Francisco George, tinha sido peremptório sobre o assunto: “As pessoas têm todas que ser vacinadas. Não há liberdade individual que possa justificar a ausência de vacina das crianças”.
Na opinião do pediatra Mário Cordeiro, os pais que optam por não vacinar os filhos deveriam ser responsabilizados. O médico considera mesmo que tal decisão se deve a uma “memória demasiado curta e arrogância demasiado grande”.
Como agir em caso de suspeita?
Se pensa que poderá ter sarampo, a opção mais segura é ligar para a Linha Saúde 24, diz o presidente da Associação de Medicina Geral e Familiar.
Face à facilidade com que se propaga a doença e as urgências hospitalares estarem, por norma, cheias de gente será “mais prudente, em caso de dúvida, contactar os serviços para serem encaminhados e quando chegassem nós termos as devidas precauções, enquanto não esclarecêssemos a dúvida”.
Rui Nogueira avisa ainda que a fase de contágio começa antes da erupção cutânea (as conhecidas pintinhas vermelhas no corpo). E “é facílimo: através do contacto directo, próximo, por via aérea”.
“É o contacto social que transmite a doença”. A doença “tem uma erupção cutânea muito típica, facilmente reconhecível, e depois tem o rebate geral de febre e mal-estar. A erupção cutânea é, de facto, o sinal de alarme”, refere ainda o médico de medicina interna.
O surto de sarampo que chegou a Portugal veio abrir a discussão sobre a legitimidade dos pais para se oporem à vacinação dos filhos. Vários especialistas têm defendido penalizações para quem o faça.