26 abr, 2017 - 09:39
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"Por uma questão de saúde pública”, mais de 10.500 pessoas já assinaram a petição pública que defende a obrigatoriedade da toma das vacinas incluídas no Programa Nacional de Vacinação (PNV).
Às 9h30, 10.525 pessoas tinham assinado o documento. “Não queremos que exista um retrocesso civilizacional no que à evolução médica diz respeito", diz o texto. Entre os signatários estão médicos e outros profissionais de saúde.
Reconhecendo que "muitos dos casos que agora surgem de doenças para as quais já há vacinas não se prendem, directamente, com os movimentos antivacinação", os signatários lembram que as crianças não vacinadas “podem ser foco de infecção para quem tem um sistema imunitário fraco ou para quem não pode ser, de todo, vacinado".
"Porque não queremos voltar a temer doenças como a tuberculose, o sarampo, a escarlatina ou a tosse convulsa (...), vimos pedir que seja pensada a obrigatoriedade da vacinação de todas as crianças – e apenas das vacinas que constam do Plano Nacional de Vacinação, que sabemos ser um dos mais robustos da Europa", defende a petição, lançada há uma semana.
Na semana passada, uma jovem de 17 anos morreu depois de ter sido infectada com sarampo, o que levou a Direcção-Geral da Saúde (DGS) a aconselhar as escolas a afastarem dos estabelecimentos de ensino, por um período de 21 dias, qualquer membro da comunidade escolar que, depois de exposto ao vírus do sarampo, recuse ser vacinado.
O sarampo é uma doença altamente contagiosa, geralmente benigna mas que pode desencadear complicações e até ser fatal. Pode ser prevenida pela vacinação, que em Portugal é gratuita.
Referindo que a imunidade de grupo protege toda a comunidade, incluindo "as poucas crianças que, por circunstâncias específicas, não estão vacinadas", a orientação às escolas sublinha, ainda assim, que é "importante que todas as crianças sejam vacinadas, para benefício próprio e da população em geral".
Vários movimentos pela vacinação
Na segunda-feira, dia 23, começou a Semana Europeia da Imunização, sob o lema "Vaciones Work" (Vacinas Funcionam, em português) e, no seguimento desta campanha, a Associação Respira aliou-se à Fundação Portuguesa do Pulmão e ao Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar para lançar, esta quarta-feira, o Movimento de Doentes pela Vacinação.
Também no início da semana, o comissário europeu para a Saúde, Vytenis Andriukaitis, reiterou que as vacinas são uma das vias mais seguras para prevenir doenças e que a descrença na imunização é "uma ameaça que não pode ser ignorada".
"As vacinas são uma das formas mais seguras e economicamente mais eficazes de assegurar a saúde pública e de prevenir doenças evitáveis", afirmou num comunicado divulgado no âmbito da Semana Europeia da Imunização.
A declaração, assinada conjuntamente com a directora para a Europa da Organização Mundial de Saúde (OMS), Zsuzsanna Jakab, sublinha que "os mitos antivacinação e a falta de conhecimento podem levar as pessoas a recusar as vacinas, o que, por sua vez, pode abrir a porta para surtos de doenças", sustentando que "a diminuição da confiança pública na imunização é uma ameaça séria que não pode ser ignorada".
Um dos exemplos apresentados é o do sarampo, que matou cerca de 2,6 milhões de pessoas por ano até à larga difusão da vacinação, em 1980.
Em Portugal, e segundo uma informação divulgada na segunda-feira pela DGS, em foram notificados este ano 87 casos de sarampo, dos quais 24 confirmados e outros 12 estão ainda em investigação.
Dezoito países europeus foram incluídos numa lista de regiões com transmissão endémica de sarampo, segundo os dados do Centro Europeu para Prevenção e Controlo de Doenças.