17 mai, 2017 - 12:38
O combate à obesidade na infância e adolescência não está a resultar e é preciso encontrar novas estratégias, diz o coordenador do Programa de Promoção de Alimentação Saudável, da Direcção-Geral da Saúde, Pedro Graça. Em Portugal, um em cada dez rapazes de 11 anos é obeso, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Portugal está no “top 5” da obesidade infantil, logo a seguir aos mediterrânicos Grécia, Itália, Espanha e Malta. A diminuição do consumo de frutas e legumes e o sedentarismo ajudam a explicar.
Pedro Graça diz que a adolescência é a faixa etária mais preocupante, uma vez que são mais independentes e procuram alimentação nem sempre saudável. Por isso, o papel da família é essencial.
“Em primeiro lugar é um apoio que passa pelas famílias. Durante muito tempo discutimos o papel da escola, mas o adolescente precisa dos valores da família, pois muito do consumo alimentar continua a ser feito em casa. Com este trabalho dos adolescentes é preciso sublinhar o papel da família no sentido de estimular diariamente e, não apenas ao fim-de-semana, a actividade física e o consumo dos alimentos saudáveis”, explica à Renascença.
O abandono da dieta mediterrânica, associado à crise económica nos países do sul, ajuda a explicar a tendência.
“O impacto da crise que vivemos está a afectar toda uma geração, na medida em que as famílias tiveram que poupar. Não prescindiram dos seus encargos (pagar carro, casa, água, etc.) e o único sector mais elástico era a comida, no qual se prescindiu de alimentos mais caros, mais frescos e se aumentou o consumo de produtos pré-processados, com quantidades de sal, gorduras e açúcar mais elevados. Isto tem impacto que não é a meses, é a muitos anos”, conclui.
A prevalência da obesidade nos rapazes é de 10% em quatro países (Croácia, Grécia, Portugal e Macedónia). Apenas dois (Grécia e Itália) têm uma prevalência superior a 5% nas raparigas.
A OMS sublinha, em nota à imprensa, que “a obesidade infantil é considerada um dos mais sérios desafios de saúde pública do século XXI”.
“As crianças obesas têm maior risco de contrair diabetes de tipo 2, asma, dificuldades em dormir, problemas musculo-esqueléticos e doenças cardíacas, além de dificuldades na escola, problemas psicológicos e isolamento social.
O relatório, que analisou 27 países, é apresentado esta quarta-feira no Porto, no âmbito do Congresso Europeu de Obesidade.