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Baltasar Garzón: "Como é possível UE e OCDE serem tão resistentes ao fim dos paraísos fiscais?"

30 mai, 2017 - 23:10

​Poder político não tem vontade de investigar a corrupção, acusa o antigo juiz da Audiência Nacional de Espanha.

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O antigo juiz da Audiência Nacional de Espanha Baltasar Garzón denunciou, esta terça-feira, nas Conferências do Estoril, que não há vontade política de investigar a corrupção, nem acabar com os paraísos fiscais, e referiu que o sistema judicial não se pode submeter ao poder político.

Garzón falava num painel partilhado com juiz do Tribunal Central de Investigação Criminal Carlos Alexandre, com o magistrado do Ministério Público italiano que conduziu a operação "Mãos Limpas" Antonio Di Pietro e com juiz Sergio Moro, que lidera a investigação Lava Jato, no Brasil.

"Quando o sistema judicial quer investigar os crimes de corrupção, aparecem todas as dificuldades", disse Garzon, mostrando-se indignado com o facto de, nem a União Europeia nem a OCDE, acabarem com os paraísos fiscais.

"Como é possível que a UE e a OCDE sejam tão resistentes ao fim dos paraísos fiscais. É absolutamente inaceitável", considerou o magistrado.

Segundo Baltasar Garzón, a tolerância dos cidadãos para com crimes de corrupção e conexos diminuiu depois da recente crise económica que assolou a Europa, havendo mesmo uma manifesta indignação contra os corruptos, especialmente no sector público e político.

"A política e a justiça têm, cada uma, a sua responsabilidade no combate a este tipo de crimes. Combater a corrupção é a nossa obrigação", sustentou.

O italiano Antonio Di Pietro, por sua vez, apontou o terrorismo como um dos grandes perigos para a democracia liberal, dizendo que este fenómeno é actualmente difícil e controlar.

O antigo magistrado realçou a importância de uma informação livre e independente e transparente na denúncia de casos de corrupção e lembrou que, com a "operação mãos limpas" houve uma enorme esperança do povo italiano.

Di Pietro, que em 1998 fundou o partido de esquerda Itália dos Valores, defendeu a necessidade de uma maior cooperação judiciária entre Estados, sobretudo na Europa, designadamente entre procuradores do MP.

Comentários
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  • Miguel Vital
    02 jun, 2017 VDC 16:11
    É evidente que o actual poder político dominante não quer alterar nada que possa pôr em causa os grandes interesses económicos e financeiros. Repare-se que quando se fala em medidas para a harmonização fiscal ou bancária, ou para se avançar com um verdadeiro orçamento da União Europeia, ou ainda com a mutualização das dívidas tudo é deferido lá para 2025,se tudo correr bem. Não querem mexer no sistema que lhes rende grandes proveitos. Para o poder dominante os "paraísos fiscais são isso mesmo, paraísos. São uma peça fundamental das sua políticas predadores das riquezas que os trabalhadores dos diferentes países produzem. São peça fundamental do roubo institucionalizado.
  • natalia gomes
    31 mai, 2017 12:10
    Quando este homem conhecedor destas matérias de corrupção afirma que não há vontade politica de acabar com os paraísos fiscais, e fala das dificuldades que se levantam para investigar determinadas áreas, tal é o poder dos interesses instalados e os lobbies. É um circulo vicioso, quem tem coragem ou pode quebrá-lo? No outro dia "cortam-lhe" o pio...

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