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Seis momentos das Conferências do Estoril que vale a pena recordar

01 jun, 2017 - 15:59 • Rui Barros

Europa, fronteiras, refugiados e tecnologia, mas também meio ambiente, globalização, terrorismo e populismo foram algumas das palavras que mais se ouviram nas Conferências do Estoril.

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Foram três dias com prémios Nobel, testemunhos comoventes, soluções, pedidos e mensagens políticas e humanitárias de Portugal para o mundo.

No rescaldo das Conferências do Estoril, recorde seis dos momentos mais marcantes.


Fareeda e o grito de quem regressa constantemente ao cativeiro do Estado Islâmico


Fareeda está sempre a regressar ao cativeiro do Estado Islâmico. E não vai parar de o fazer




Viu a família ser assassinada, foi vendida como gado e escravizada, mas sobreviveu para contar a história.

Fareeda Khalaf (nome fictício) esteve no Estoril e gelou a plateia ao contar a história do ataque da sua aldeia, Kocho, no norte do Iraque, e a forma como o extremismo islâmico acabou com o sonho de um dia ser professora de matemática, na escola onde estudava.

Reconhecendo que contar a sua história “não é fácil”, “a rapariga que derrotou o ISIS” – título do livro da jornalista Andrea C. Hoffmann com o relato da história de Fareeda – reconhece que “revive aqueles momentos” sempre que conta a sua história, mas esta é a forma que encontrou para “ajudar as mulheres yazidi que ainda estão em cativeiro, a sofrer”.

Perante um público emocionado, Fareeda pediu que mais países reconheçam o que aconteceu aos yazidis como um genocídio e confessou ainda alimentar o sonho de, um dia, voltar a Kocho.

Fareeda está sempre a regressar ao cativeiro do Estado Islâmico. E não vai parar de o fazer
Fareeda está sempre a regressar ao cativeiro do Estado Islâmico. E não vai parar de o fazer

Snowden em Portugal para quebra as barreiras do exílio e desconstruir os argumentos da vigilância em massa


Edward Snowden. "A vigilância em massa é eficiente para muitas coisas. Mas não salva vidas"





Era dos nomes mais aguardados e levantou a plateia.

Edward Snowden, o homem por detrás da maior fuga de informação da história dos Estados Unidos, quebrou as barreiras do exílio que o seu país lhe impôs e foi ao Estoril, através de um robô com câmara e ecrã, para deixar críticas a Obama e Trump, defender a importância do jornalismo e do acesso livre às fontes e desconstruir os argumentos de quem pede por mais vigilância na luta contra o terrorismo.

Para o ex-analista da Agência de Segurança norte-americana (NSA), “não há evidências de que os programas de vigilância massiva estão a salvar vidas”. Snowden apresenta uma solução para o terrorismo: “Se querem derrotar o terrorismo, não o escondam na penumbra. Tragam-no para a luz do dia e mostrem porque é que aquelas ideias estão erradas.”


Farage defende legado da campanha pelo Brexit


“Sou mais europeu do que Durão Barroso”





Um dos rostos por detrás da saída do Reino Unido da União Europeia esteve no Estoril para discutir com Francisco Assis sobre o futuro da Europa e defendeu o seu legado, apresentando-se como “mais europeu do que Durão Barroso e Juncker”.

O ex-líder do UKIP enetnde que "a União Europeia faz mal à Europa" e defende que, com o Brexit, ninguém “argumentou pelo isolacionismo" ou quis "barrar as pessoas no Canal da Mancha”.

Farage esgrimou argumentos com o pró-europeu Francisco Assis, que entende a União Europeia como um projecto “que precisa daqueles que estão contra ela, mas também daqueles que acreditam no projecto europeu”.


Um pedido do Papa Francisco e um Passaporte para Refugiados


“Conferências do Estoril propõem Passaporte de Segurança Global para refugiados"





O Papa Francisco pediu e as Conferências do Estoril (tentaram) responder.

Numa carta endereçada através da Nunciatura Apostólica às Conferências do Estoril, Francisco defendeu uma "globalização sem marginalização”, num momento em que “o próprio fenómeno migratório põe à prova a nossa capacidade de dar espaço a formas de acolhimento solidário”.

A organização não se limitou a ouvir e tomou a iniciativa: para o secretário-geral das Nações Unidas seguiu a proposta de criação de um passaporte para “garantir uma passagem segura aos que procuram protecção”.

A proposta está feita. Fica, agora, nas mãos de António Guterres.

(Super) juiz defende colaboração premiada na luta contra a corrupção


Juiz Carlos Alexandre defende colaboração premiada como "instrumento típico de democracias maduras"




Carlos Alexandre, o homem que tem neste momento a pasta da “Operação Marquês” nas mãos, foi ao Estoril para se juntar Baltasar Garzón, Sérgio Moro e Antonio Di Pietro e pedir "que a sociedade civil se indigne" com a corrupção.

Numa intervenção em que procurou ao máximo não ser mal interpretado, Carlos Alexandre saiu em defesa da colaboração premiada – instrumento jurídico que permite a um juiz oferecer uma pena menor em troca de mais informação – como um “instrumento típico de democracias maduras.

"Ninguém defende que o Estado legisle no sentido de passar um 'cheque em branco' ao denunciante", observou o juiz português depois de ter enumerado, “segundo Almeida Santos”, treze dificuldades no combate à corrupção.

Numa comunicação em que defendeu existir uma “desigualdade de armas” entre justiça e criminosos, o juiz do caso Sócrates deixou ainda um pedido: “Esta coisa do super-juiz tem de parar. Cria-me muitos anticorpos e não me revejo nela.”

Trump e o Acordo de Paris


"EUA fora do Acordo de Paris? Albright espera que seja uma notícia falsa"





Com o mundo de olhos postos na possível decisão de Donald Trump de retirada dos Estados Unidos da América do Acordo de Paris, foram várias as vozes que falaram directamente para Washington e criticaram o Presidente dos Estados Unidos.

Madeleine Albright, antiga secretária de Estado norte-americana, desejou que as notícias sobre essa ruptura fossem falsas e mostrou-se “muito preocupada”.

A antiga n.º 2 de Bill Clinton aproveitou, também, a intervenção nas Conferências do Estoril para falar do discurso de Donald Trump na cimeira da NATO.

Rajendra Pachauri, Nobel da Paz em 2007, falou também sobre a decisão de Donald Trump e, em nome do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, deixou o alerta: O mundo tem “dois ou três anos” para tomar medidas efectivas para combater as alterações climáticas."

Nobel da Paz. "É chocante que Trump negue as alterações climáticas"
Nobel da Paz. "É chocante que Trump negue as alterações climáticas"

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