03 jun, 2017 - 20:49 • Susana Madureira Martins
Eduardo Sousa tem 64 anos e andou oito anos no mar dos Açores como baleeiro. Exerceu todas as funções dentro da canoa, desde marinheiro até oficial. Este sábado foi um dos antigos baleeiros que se juntou ao Presidente da República para visitar o Museu dedicado a estes homens, na ilha do Pico.
À Renascença, Eduardo Sousa admite que o trabalho no mar “era cansativo e difícil” e que a maior dificuldade “era chegar ao pé dela, as embarcações eram a remo ou à vela e muitas vezes era difícil conseguir chegar ao pé delas”.
O antigo baleeiro fala assim dos cachalotes que “tinham mais velocidade que a própria embarcação”. Um animal que se mantém “em cima da água cerca de 10 a 15 minutos sem mergulhar e depois está cerca de quarenta minutos uma hora de mergulho”.
E quanto tempo levava a perseguir o cachalote? Eduardo diz que “às vezes podia ser uma hora ou dez, isso dependia muito de arpoar o cachalote e se estava há muito tempo em cima e já tinha oxigénio suficiente”.
Desengane-se quem pense que com o fim da pesca do cachalote a vida se tornou mais difícil para este marinheiro. Para Eduardo, pelo menos, “não foi muito difícil porque a pessoa não tem só uma profissão e por acaso na altura tinha três: baleeiro, artesão e estivador” e com o fim da pesca “foi muito bom porque ainda hoje trabalho como artesão com matéria prima da baleia”.
Para além disso, Eduardo Sousa é, hoje em dia, mestre de embarcações de observação de baleias, “é muito melhor e pelo menos não se matam as baleias, agora é tudo totalmente diferente”, conclui.