05 jun, 2017 - 21:20 • Filomena Barros
Quase cinco milhões de refeições foram servidas a famílias carenciadas em vez de irem para o lixo só em 2016, graças ao Comissariado Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar, em Lisboa, que esta segunda-feira apresentou o balanço de três anos de actividade.
O balanço é feito pelo comissario, o vereador Joao Gonçalves Pereira, que fala numa rede de apoio e de combate ao desperdício que conta com quase sete mil voluntários de 114 entidades.
“São números que nos devem fazer pensar a todos, estmaos a falar de cerca de cinco milhões de refeições num ano, foi o que assinalámos em 2016. Isto é um trabalho das instituições que diariamente estão no terreno, com cerca de 6.800 voluntários e no apoio a cerca de 6.500 famílias”, diz.
Famílias que foram apoiadas com as refeições doadas pelos parceiros. Trata-se de restaurantes, hotéis e supermercados que doaram os alimentos às instituições, para assim se chegar a quem precisa.
“Ao nível dos doadores temos desde a restauração, com um impacto muito grande, a hoteleira e a distribuição, os supermercados e hipermercados. Estes são os três grandes ‘players’. Do ponto de vista das instituições sociais, destacaria a ReFood, o Banco Alimentar, o Centro de Apoio ao Sem-abrigo, a Comunidade Vida e Paz e a própria Igreja Católica, que tem aqui um papel muito importante.”
O Comissariado Municipal chega ao fim, mas há ainda trabalho a fazer diz o vereador sem pelouro, João Gonçalves Pereira: “O que conseguimos – e quando digo nós é o comissário e as várias entidades que estão em Lisboa a trabalhar – foi que Lisboa fosse a primeira cidade no mundo que tivesse uma rede solidária alimentar que permitisse garantir a cobertura de toda uma cidade. Isso é uma coisa totalmente inovadora e é o desafio que as Nações Unidas nos lançaram em meados de 2015 e que, em 2017, já temos”.
Tem havido autarquias e outras entidades que querem conhecer esta rede, este projecto do Comissariado Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar.
O Comissariado chega ao fim, mas a rede vai continuar no terreno, agora dependente do pelouro dos Direitos Sociais da Câmara de Lisboa.
Até final de Junho, vai ser criada uma linha telefónica, como explica João Gonçalves Pereira. “Até ao final do mês, aliás já estão em formação as pessoas do atendimento, teremos a linha telefónica de combate ao desperdício alimentar, que permitirá que alguém que queira ser voluntário entre nessa bolsa e tenha formação específica; permite que um restaurante, um supermercado que queira aderir o possa fazer, ou só obter informação”.
A linha telefónica vai receber inscrições de voluntários, mas também de entidades que querem doar refeições, por exemplo, de um grande evento ou de uma festa de aniversário, explica ainda o comissário.
Porém nem todos os números são positivos. Há ainda a registar a existência de cerca de 324 mil toneladas de desperdício alimentar por ano nas casas portuguesas.