12 jun, 2017 - 13:30 • Olímpia Mairos
O presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, exige uma “investigação exaustiva” à forma como foi dado o alerta e prestado o socorro após o incêndio num autocarro de passageiros, no interior do túnel do Marão, no sentido Amarante-Vila Real.
Rui Santos questiona a segurança e o tempo de resposta das autoridades no incêndio de um autocarro no interior do Túnel do Marão.
“Exigimos que seja aberto rapidamente um inquérito exaustivo, que analise tudo o que aconteceu, para que no futuro estejam salvaguardadas as condições de segurança e o factor humano esteja treinado, adequado e em estado de prontidão, para socorrer qualquer eventualidade que venha a acontecer no túnel do Marão”, diz à Renascença o autarca.
“A GNR foi avisada com cerca de 15 minutos de atraso relativamente à ocorrência do incêndio e o mesmo aconteceu com o INEM”, denuncia o autarca, acrescentando que “estes dois factos fizeram com que a perigosidade do trânsito no túnel tenha crescido de forma considerável”.
O presidente da Câmara de Vila Real afirma ter relatos que dão conta que “houve alguns sinistrados que vinham no autocarro que foram socorridos por carros que por ali passavam. Vinham a pé e houve carros até que tentaram voltar atrás no túnel”.
Segundo o autarca, o sistema de extracção de fumos “não funcionou numa primeira fase, como era expectável”, porque, “primeiro, passou a passar fumo para o túnel paralelo, onde aconteceu o incêndio, e só depois é que se conseguiu que o sistema começasse a extrair o fumo fora dos túneis”.
Rui Santos entende que “15 minutos para dar o primeiro alerta é tempo de mais” e mostra-se convencido de que “se o sistema de controlo estivesse a funcionar, como devia, mal se iniciou o incêndio, seria imediatamente contactada a GNR e teria sido accionado imediatamente o INEM”
O presidente da Câmara de Vila Real critica o facto de o centro de controlo instalado no túnel ter sido transferido para Almada e de nunca ter havido um simulacro para um incidente destas características.
O presidente da Infra-estruturas de Portugal, António Laranjo, garante que tudo correu dentro do previsto na resposta ao incêndio.
"O CDOS que devia ter sido accionado foi o que foi accionado. Foi accionado, no máximo, cinco minutos de se ter registado o início do incêndio na viatura e todo o procedimento que é feito em sequência é o procedimento do plano de emergência interno, com tempos que nos deixam tranquilos”, afirma.
"Fumo intenso"
O alerta do incêndio no autocarro foi dado à Autoridade Nacional de Protecção Civil, às 20h30. Chegados ao local, os meios de socorro tiveram dificuldade em entrar devido ao “fumo intenso”.
Os 20 passageiros foram retirados em segurança do veículo, que fazia a ligação Braga-Bragança, tendo passado para a outra Galeria do Túnel do Marão. Fonte do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro disse à Renascença que “quatro jovens pediram assistência por inalação de fumo”, mas foram situações “muito ligeiras”.
O veículo ficou totalmente destruído e o fogo afectou o piso, as paredes e o sistema de iluminação daquela zona do túnel.
Técnicos da Infraestruturas de Portugal estão agora a proceder a averiguações para aferir a segurança da galeria para a sua reabertura.
Em comunicado, a IP informa que “o tráfego na galeria sul, no sentido Amarante-Vila Real, será reposto após se determinar com exactidão a extensão dos danos, o que será feito ao longo do dia de hoje, com as equipas da IP e das empresas construtoras e instaladoras”.
A empresa acrescenta ainda que a “reabertura está dependente da disponibilidade de reposição dos equipamentos afectados, prevendo-se que possa ocorrer dentro de alguns dias”.
Não se sabe ainda o que terá estado na origem do fogo, mas a empresa proprietária do autocarro já anunciou que vai abrir um inquérito para apurar as causas.
Segundo o CDOS de Vila Real, no combate às chamas estiveram 48 homens, apoiados por 19 viaturas, das corporações de bombeiros de Vila Real e de Amarante.
O Túnel do Marão, que liga Amarante, no distrito do Porto, a Vila Real, abriu em Maio do ano passado e tem duas galerias gémeas, cada uma com duas faixas de rodagem e com um comprimento de 5.665 metros.
O incêndio com o autocarro de passageiros foi o primeiro acidente do género ocorrido num túnel em Portugal.
Notícia actualizada às 17h54 com declarações do presidente da Infraestruturas de Portugal