18 jun, 2017 - 12:16
Os incêndios florestais em Portugal com área ardida superior a 10 mil hectares numa só ocorrência começaram na década de 1980, com a redução do pastoreio e o abandono de antigas áreas agrícolas a serem algumas das causas.
O estudo “Grandes Incêndios Florestais em Portugal”, da Universidade do Minho e da Universidade de Coimbra, refere que os fogos com área igual ou superior a 100 hectares começaram a vulgarizar-se a partir da década de 1980.
Até aqui os incêndios em Portugal nunca tinham atingido os 10 mil hectares de área ardida numa só ocorrência.
O primeiro destes fogos aconteceu em 1986, no concelho de Vila de Rei. No ano seguinte, outro fogo de grandes dimensões afectou os concelhos de Arganil, Oliveira do Hospital e Pampilhosa da Serra.
“A partir destas datas podemos dizer que se deu início a uma nova realidade no que respeita aos grandes incêndios”, referem os autores do estudo, datado de 2013.
Com base nas estatísticas oficiais entre 1981 e 2010, foi entre 2001 e 2010 que se registou a maior área ardida de grandes incêndios florestais, com 1.164.748 hectares.
Foi também entre 2001 e 2010 que se registou o maior número de grandes incêndios, com 254 mil ocorrências. Por comparação na década 1981 a 1990 tinha-se registado menos de 83 mil ocorrências de grandes fogos florestais.
No conjunto de 30 anos analisados no estudo, de 1981 a 2010, o “excepcional ano” de 2003 foi aquele que registou maior área ardida. Já o ano de 2005 foi o que teve maior número de ocorrências no período analisado.
Segundo os autores do trabalho, as “mudanças no uso tradicional da terra e estilo de vida das populações implicaram o aumento de grandes áreas abandonadas de anteriores terras agrícolas”, o que levou à recuperação da vegetação e ao aumento da acumulação de combustível na floresta.
“Muitas dessas áreas rurais tornaram-se paisagens propensas à ocorrência de incêndios de grande intensidade, devido aos elevados níveis de biomassa, acumulados ao longo dos anos e prontos para alimentar fogos catastróficos durante o verão”, refere o artigo “Grandes Incêndios Florestais em Portugal”.
Portugal registou este fim-de-semana o maior número de vítimas mortais em incêndios florestais na história do país de que há registo. O fogo, que causou pelo menos 58 mortos, deflagrou ao início da tarde de sábado numa área florestal em Escalos Fundeiros, em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), e alastrou aos municípios vizinhos de Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, obrigando a evacuar povoações ou deixando-as isoladas.