21 jun, 2017 - 19:43 • Paula Caeiro Varela
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) já respondeu às dúvidas do primeiro-ministro, considerando que ocorreram “condições excepcionais” que levaram a situações de “excepcional gravidade” na região de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria.
Num despacho emitido na segunda-feira, António Costa perguntou ao IPMA se "houve no local circunstâncias meteorológicas e dinâmicas geofísicas invulgares que possam explicar a dimensão e intensidade da tragédia, em especial no número de vítimas humanas, sem paralelo nas ocorrências de incêndios florestais", "tão frequentes em Portugal".
Na resposta que enviou ao primeiro-ministro, a que a Renascença teve acesso, o presidente do IPMA, Jorge Miguel Miranda, esclarece que se gerou um fenómeno de “downburst”, ou seja, “vento de grande intensidade que se move verticalmente em direcção ao solo”, que “sopra em todas as direcções” e que, por vezes, é “confundido com um tornado”.
Este fenómeno tem “um grande impacto em caso de incêndio florestal por espalhar fragmentos em direcções muito diversas”.
A propagação do incêndio foi ainda amplificada devido a “fenómenos de convecção atmosférica associados à humidade muito reduzida e a dinâmica introduzida pelo próprio incêndio”.
Jorge Miguel Miranda responde a Costa que, devido a esta “situação tão complexa e excepcional”, foi nomeada uma comissão para estudar o ocorrido, como a Renascença noticiou na terça-feira.
O IPMA esclarece ainda que as previsões feitas quatro dias antes e acertadas 24 horas antes foram as correctas para a região, "com desvios reduzidos em termos de temperatura máxima e mínima, humidade relativa e velocidade média do vento".
"O sistema de previsão meteorológica para as condições de superfície funcionou de forma correcta, dentro de margens de erro expectáveis", garante Jorge Miguel Miranda. "Os níveis de avisos emitidos estavam de acordo com as regras fixadas entre o IPMA e a ANPC" (Autoridade Nacional de Protecção Civil), acrescenta a resposta.
Outra entidade a quem António Costa endereçou uma pergunta foi a GNR. O primeiro-ministro quis saber "porque não foi encerrada ao trânsito" a estrada ncional 236-1, onde acabariam por morrer 47 pessoas. A GNR diz que não havia "qualquer indicador ou informação" que "apontasse para a existência de um risco potencial ou efectivo em seguir" em qualquer dos sentidos da EN 236-1.