23 jun, 2017 - 08:30
Veja também:
A rede de comunicações de segurança e emergência (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal - SIRESP) deixou de funcionar entre as 19h00 de sábado e as 9h30 de domingo. A situação impediu que, durante 14 horas e meia, no pico do incêndio que afectou a zona de Pedrógão Grande, bombeiros, GNR e Protecção Civil conseguissem comunicar entre si no teatro de operações.
A notícia foi avançada na edição desta sexta-feira do jornal "i", onde se pode ler que as comunicações perderam-se depois de as antenas na região terem ardido. Uma fonte bem colocada entre os bombeiros confirmou à Renascença a mesma informação.
O diário adianta que esta falha no sistema pode ser uma das explicações para que a Estrada Nacional 236-1 – onde morreram 47 pessoas – não tenha sido encerrada à circulação pela GNR.
Ainda de acordo com o jornal, o sistema de comunicações só foi restabelecido depois de ter chegado ao local um carro de apoio, solicitado às 23h00 de sábado mas que só chegou às 8h30 da manhã.
As autoridades pediram um outro carro de apoio, que estava em Fátima, mas que não chegou ao local devido a avaria desde a visita do Papa, revelou ao “i” a mesma fonte.
Estas informações vêm contrariar o que tem sido publicamente referido pela Autoridade Nacional de Protecção Civil. O comandante Vítor Vaz Pinto tem garantido por váriaz vezes nas diversas conferências de imprensa que se realizaram que as falências verificadas na rede foram "muito curtas, inferiores a um minuto, meio minuto".
As falhas no SIRESP não são inéditas. O sistema de comunicações de emergência também falhou durante os incêndios do Verão do ano passado, segundo um relatório do Ministério da Administração Interna (MAI) a que a Renascença teve acesso.
O relatório revela que durante o incêndio de Agosto de 2016, nos concelhos de Abrantes e do Sardoal, o sistema de comunicações de emergência teve um problema e a situação só foi normalizada ao fim de 17 horas. Os problemas começaram às 18h21, de 23 de Agosto, quando um cabo de transmissão de uma estação fixa foi destruído pelo fogo, deixando cerca de metade dos meios sem comunicação rádio.
64 mortos, mais de 200 feridos e 50 mil hectares ardidos
O incêndio que deflagrou no sábado à tarde em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, foi dado como dominado na tarde de quarta-feira provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos.
Só no concelho de Castanheira de Pera, de acordo com o presidente da câmara, as chamas consumiram, pelo menos, 64 casas, além de residências de segunda habitação.
O fogo começou em Escalos Fundeiros e alastrou depois a Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria.
Desde então, as chamas chegaram aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra.
Este incêndio já consumiu cerca de 30.000 hectares de floresta, de acordo com dados do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais.
Os concelhos de Góis e de Pampilhosa da Serra foram devastados durante três dias por um incêndio de grandes dimensões, que, segundo as primeiras estimativas da Proteção Civil, afectou mais de 20 mil hectares de mancha florestal.
O incêndio, que se encontra oficialmente dominado desde as primeiras horas de quinta-feira, não provocou vítimas mortais, havendo a registar 18 feridos ligeiros e, pelo menos, quatro habitações destruídas, além de dezenas de unidades agrícolas.