26 jun, 2017 - 20:12
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No primeiro dia do incêndio de Pedrógão Grande aconteceram, pelo menos, cinco situações graves em que não foi possível contactar o posto de comando devido a falhas nas comunicações.
A informação consta do registo do Sistema de Apoio à Decisão Operacional (SADO), e foi enviada pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) num segundo esclarecimento ao Governo (Lei aqui o PDF).
De acordo com a linha de tempo do SADO, o primeiro problema de comunicação foi reportado às 19h45, de sábado, 17 de Junho, horas depois do início do incêndio de Pedrógão Grande.
O 112 foi alertado para o pedido de ajuda de três pessoas numa habitação, cercadas pelas chamas, na localidade de Casalinho. Mas não foi possível contactar o posto de comando nem o 2.º Comandante Operacional Distrital de Operações de Socorro.
Nessa mesma altura o posto de comando instalado em Pedrógão Grande informa que ficou sem sinal de baixa frequência.
Cinco minutos depois, o CDOS de Coimbra também não conseguiu informar o posto de comando e do 2.º comandante que duas pessoas necessitavam de “ajuda urgente”, na localidade de Troviscais.
Depois desta situação, o Centro Nacional de Operações de Socorro (CNOS) pediu que fossem reposicionadas as antenas do SIRESP na zona de Pedrógão e Figueiró dos Vinhos.
Pelas 21h28, indica o SADO, não foi possível informar o posto de comando que havia uma pessoa queimada e uma casa a arder, na localidade de Ramalho. Às 21h35, surge um novo registo em que se pode ler que também não foi possível contactar os bombeiros.
Uma quarta falha foi registada pelas 21h47. Não foi
possível informar o posto de comando, instalado em Pedrógão Grande, que uma
pessoa, de 75 anos, tinha pedido ajuda porque a casa já tinha começado a arder,
na localidade de Sarzedas do Vasco.
Mais tarde, às 22h45 do dia 17 de Junho, “não se conseguiu contacto” com o posto de comando a informar que um homem estava a pedir ajuda para socorrer a esposa, que se tinha refugiado dentro de uma viatura depois de a casa ter sido consumida pelas chamas.
Pelas 23h15, o CDOS de Leiria diz que não consegue contactar bombeiros no terreno, nem mesmo com recurso às operadoras de telefone. Os Bombeiros de Setúbal chegaram a ficar sem combustível e impossibilitados de o comunicar.
As quebras do sistema são relatadas até às 3h30 da manhã, de dia 19. Antes disso, antes da 1h00 da manhã, o posto de comando teve que sair de Pedrógão para Avelar devido a problemas de comunicação, de acordo com o registo do SADO.
Nesta informação disponibilizada pela Protecção Civil não há qualquer referência à situação na estrada nacional 236, onde morreram 47 pessoas.
O novo despacho enviado pela protecção civil ao primeiro-ministro,
António Costa, foi divulgado esta segunda-feira.
No primeiro esclarecimento, avançado na sexta-feira passada, a ANPC informou que o SIRESP registou a primeira falha às 19h45 de sábado, 17 de Junho, dia do fogo, e só voltou a estar a 100% no dia 20.
O primeiro-ministro também pediu esclarecimentos à GNR e ao Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
A GNR respondeu que a EN 236-1 foi indicada como uma alternativa ao IC8, que estava encerrado devido às chamas, porque não havia "qualquer indicador ou informação" que "apontasse para a existência de um risco potencial ou efectivo em seguir" em qualquer dos sentidos daquela estrada nacional. Além disso, houve "dificuldades" em "todas" as comunicações.
O IPMA disse que acertou nas previsões, mas houve vento em "todas as direcções" e outras "condições excepcionais”.