01 jul, 2017 - 14:47
O chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte, reconheceu este sábado que quem roubou o material de guerra do quartel de Tancos tinha "conhecimento do conteúdo dos paióis" e admitiu a possibilidade de fuga de informação.
"Para haver algo deste género tem de haver informação interna", assumiu, em declarações à SIC, acrescentando que, além da investigação conduzida pela Polícia Judiciária Militar e pela Polícia Judiciária, vai decorrer um inquérito no Exército para apuramento de eventuais responsabilidades.
Rovisco Duarte disse que o roubo ocorreu na zona Norte da vedação, cuja rede ainda não tinha sido reforçada com material mais resistente, no âmbito das medidas de melhoria da segurança das instalações militares.
Em resposta às declarações do presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), António Nunes, à Renascença, segundo o chefe do Estado-Maior do Exército, "estes roubos podem acontecer em qualquer país e em qualquer Exército, desde que haja intenção, vontade, capacidade, e oportunidade".
O Exército revelou na sexta-feira que entre o material de guerra roubado na quarta-feira dos Paióis Nacionais de Tancos estão "granadas foguete anticarro", granadas de gás lacrimogéneo e explosivos, mas não divulgou quantidades.
Rovisco Duarte sublinhou que o material de guerra roubado foi seleccionado por quem tinha "conhecimento do conteúdo dos paióis". “Foi escolhido a dedo”, revela. Dos 20 paióis, os assaltantes escolheram os dois em que o armamento era mais perigoso.
Face ao incidente, a segurança foi reforçada nos paióis com "o aumento de efectivos" e com "patrulhas mais robustas", assinalou, referindo que "não se permite ajuizar" sobre a falta de funcionamento do sistema de videovigilância do quartel, parado há dois anos.
O chefe do Estado-Maior do Exército considerou ainda que as declarações de António Nunes nas quais disse que os planos de segurança não foram cumpridos “uma afirmação gratuita”.
“Eles estavam a ser cumpridos. A problemática do sistema de videovigilância não me compete a mim nesta altura ajuizar”.
O ministro da Defesa assumiu este sábado a "responsabilidade política" pelo roubo em Tancos, depois de os partidos políticos terem criticado o sucedido, com o CDS-PP a exigir a audição parlamentar de Azeredo Lopes e o PSD a pedir também para ser ouvido o general Rovisco Duarte.