01 jul, 2017 - 19:50
Um grupo de fisioterapeutas voluntários está em Pedrógão Grande a realizar triagens e intervenções na área cardiorrespiratória, e já atendeu 150 pessoas desde o incêndio que começou naquele concelho e que provocou a morte a 64 pessoas.
Ana Margarida Ferreira é uma das voluntárias que respondeu ao apelo lançado no dia 22 de Junho pela Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (APFISIO) nas redes sociais, a pedir voluntários para actuarem em Pedrógão Grande.
A jovem de Felgueiras explicou à Lusa que o número de fisioterapeutas presentes nas instalações do quartel dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, onde têm uma sala para atendimento às pessoas, depende da disponibilidade, mas adiantou que "fica ali sempre alguém para fazer o atendimento".
Até agora, estima que foram já atendidas mais de 150 pessoas pelos profissionais: "Vão surgindo pessoas com problemas respiratórios, alguns que já os tinham e que foram agravados com esta situação".
A fisioterapeuta adiantou ainda que, apesar de estarem a atender todas as pessoas que ali chegam, estão a incidir, ao nível da área preventiva, nas crianças e idosos, onde o enfoque é maior.
"Inicialmente, fazemos uma ficha para a pessoa, para perceber se já tinha problemas e se esteve exposta ou não, ao fumo e ao fogo. Após isso, é feito um exame mais objectivo, onde verificamos a saturação de oxigénio, tensão arterial e auscultação pulmonar. Com estes testes, tentamos definir se existe alguma sintomatologia relacionada com o incidente [fogo]", disse.
No final, caso seja necessário tratamento, este é começado no local e é feito um novo agendamento ao paciente para se fazer o respectivo acompanhamento.
Ana Margarida Ferreira adiantou ainda que, do material que estão a utilizar para trabalhar, parte foi doado e o restante foram os próprios fisioterapeutas que o trouxeram dos locais onde trabalham.
Estes voluntários, durante o tempo de permanência em Pedrógão Grande, estão alojados nas instalações da Santa Casa da Misericórdia local, onde são tomadas também as principais refeições do dia.
O trabalho de triagem e acompanhamento dos pacientes é feito nas instalações dos bombeiros de Pedrógão Grande, diariamente, entre as 9h00 e as 18h00.
"As triagens são sempre feitas por ordem de chegada. Caso seja necessário acompanhamento durante alguns dias é feito um agendamento ao paciente", explica.
Quanto ao tempo de permanência, a fisioterapeuta de Felgueiras disse que vão estar em Pedrógão Grande por tempo indeterminado.
A APFISIO lançou um apelo nas redes sociais a pedir voluntários para Pedrógão Grande, no dia 22 de junho, visto existirem várias pessoas na região a necessitarem de tratamento urgente devido à inalação de fumo proveniente do incêndio.
A Santa Casa da Misericórdia preparou uma sala com marquesas e algum material básico de forma a possibilitar o tratamento destas pessoas.
Contudo, não dispunha de número suficiente de fisioterapeutas qualificados para realizar intervenção, nem mesmo triagem, pelo que a APFISIO, através do seu Grupo Interesse Fisioterapia Cardio-Respiratoria, apelou à colaboração destes profissionais para a prestação de cuidados em fisioterapia, com especial enfoque na área cardiorrespiratória, de forma voluntária.