03 jul, 2017 - 11:22
O advogado de Manuel Pinho pediu esta segunda-feira a nulidade da constituição de arguido, alegando que o Ministério Público não comunicou os factos pelos quais é suspeito num inquérito a eventuais crimes económicos em negócios na área da energia.
Ricardo Sá Fernandes falava aos jornalistas à saída das instalações da Polícia Judiciária, onde esta segunda-feira o ex-ministro Manuel Pinho foi chamado.
“Arguímos a nulidade da constituição de Manuel Pinho como arguido e do facto de não lhe terem sido tomadas declarações nem comunicados os factos”, disse.
Segundo o advogado, o antigo ministro da Economia “não sabe por aquilo que responde”, não lhe foi feita nenhuma pergunta nem pedido qualquer esclarecimento.
“Não é assim que se deve investigar nem tratar os cidadãos. O dr. Manuel Pinho foi ministro da República, tem enorme prestígio internacional e o país deve-lhe uma obra muito importante, nomeadamente na área da energia”, lamentou Ricardo Sá Fernandes.
Manuel Pinho foi chamado esta segunda-feira à PJ no âmbito de um inquérito a eventuais crimes de corrupção e participação económica em negócio na área da energia.
Num artigo publicado na sexta-feira no jornal “Público”, Manuel Pinho garantiu que não foi favorecido pela EDP e manifestou-se disponível para os esclarecimentos necessários.
O inquérito, de acordo com o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), tem como objecto “a investigação de factos subsequentes ao processo legislativo, bem como aos procedimentos administrativos relativos à introdução no sector eléctrico nacional dos Custos para Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC)”.
Os CMEC são uma compensação relativa à cessação antecipada de contratos de aquisição de energia (CAE), o que aconteceu na sequência da transposição de legislação europeia no final de 2004.
O inquérito tem mais sete arguidos, entre os quais os presidentes da EDP e da EDP Renováveis, António Mexia e João Manso Neto, respectivamente.
João Faria Conceição, administrador da REN e antigo consultor do ex-ministro Manuel Pinho, Pedro Furtado, responsável de regulação na empresa gestora das redes energéticas, Rui Cartaxo, que entre 2006 e 2007 foi adjunto de Manuel Pinho, e Pedro Resende e Jorge Machado, que foram vogais do conselho de administração da EDP, são os restantes arguidos conhecidos.
[Notícia acualizada às 13h41]