04 jul, 2017 - 18:55
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, assegura que "em nenhum momento a assistência que é prestada às grávidas está a ser posta em causa" pelo protesto dos enfermeiros especialistas em saúde materna.
À margem do encontro Ciência '17, que decorre no Centro de Congressos de Lisboa, Adalberto Campos Fernandes disse que "a situação está a decorrer no quadro de normalidade", estando a ser monitorizada diariamente "nos diferentes hospitais e maternidades do país" pelas administrações regionais de saúde.
As declarações do ministro parecem contrariar um porta-voz dos enfermeiros especialistas, que esta terça-feira tinha indicado que o protesto está a provocar, pelo segundo dia consecutivo, "constrangimentos graves" em pelo menos sete hospitais, nos quais não está ser prestada a devida assistência às grávidas.
Os hospitais de Guimarães, Gaia, Aveiro, Abrantes, Amadora-Sintra, Setúbal e Évora estão actualmente a funcionar com menos enfermeiros especialistas do que o recomendado, de acordo com Bruno Reis, porta-voz do movimento Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstetrícia.
Estes profissionais estão desde segunda-feira a assegurar apenas cuidados indiferenciados de enfermagem, em protesto contra o não pagamento dos seus serviços especializados.
O ministro afirmou, sem especificar, que "houve avanços em bastantes pontos" numa reunião hoje de manhã entre a tutela e sindicatos, assinalando, no entanto, que "nem sempre é possível, em nome do interesse comum, dar rapidamente a todos tudo aquilo que pedem".
Segundo Adalberto Campos Fernandes, "a questão" remuneratória, apesar de justa, "deve ser tratada no tempo certo".
"E o tempo certo é analisando o enquadramento orçamental (...) e ver em que medida o Estado tem capacidade para responder", invocou, acrescentando que tais matérias são "discutidas à mesa das negociações, e não utilizando as pessoas e as necessidades de saúde das pessoas para pressionar os governos".
Sobre a greve dos farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde, marcada para 18 e 19 de Julho e por tempo indeterminado a partir de 1 Agosto, considerou igualmente justas as reivindicações relativas à carreira, mas remeteu o processo, "que se arrasta há mais de 15 anos", para a mesa das negociações sindicais.
Os farmacêuticos queixam-se da quebra unilateral do compromisso assumido pelo Governo nas negociações da carreira farmacêutica.
A greve, segundo a Ordem dos Farmacêuticos, que apoia a paralisação, pode afectar, nomeadamente, a preparação de medicamentos para tratamentos oncológicos e apoio à cirurgia.