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"Está em causa a segurança nacional”, diz presidente da associação de oficiais

05 jul, 2017 - 09:11

"Nos últimos anos, começam a ser recorrentes os problemas com as Forças Armadas”, sublinha o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas, para quem a principal responsabilidade pelo furto em Tancos é de “nível político”.

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António Mota, presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) na Manhã da Renascença para falar sobre Tancos (05/07/2017)

O presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), tenente-coronel António Mota, não tem dúvidas de que a segurança nacional está posta em causa na sequência do desinvestimento que tem vindo a ser feito na Defesa e que se tem revelado através de vários casos polémicos.

“É bom que se conclua isso”, afirma no programa Carla Rocha - Manhã da Renascença.

Na opinião deste tenente-coronel, o caso de furto de armas em Tancos afecta o prestígio do sector, até porque não é um acto isolado. “Temos verificado que nos últimos anos começam a ser recorrentes os problemas com as Forças Armadas”.

Por exemplo, o caso de suspeitas de corrupção na Força Aérea e o caso dos Comandos. “E temos muitas outras que não são tão mediáticas, mas que são tratadas internamente” e que fazem deste o “momento mais complicado que atravessam as Forças Armadas”, refere o militar.

“Não me recordo de situações tão complexas, por um lado, e tão frequentes, por outro, que afectam a dignidade dos militares e a instituição no seu todo", lamenta.

"Temo que, se não forem alteradas as políticas que têm vindo a ser seguidas, daqui a três meses ou um ano, estejamos a dizer que agora é que é o momento mais complicado das Forças Armadas”, acrescenta, prevendo que “estas situações vão multiplicar-se” e “agravar-se”.

“O que acontece é que, por falta de recursos financeiros e de efectivos, quem exerce neste momento funções de comandante de uma qualquer unidade está confrontado com meios de tal forma exíguos que tem que tomar opções muito difíceis”, diz.

Militares substituídos por segurança privada

António Mota lembra que, por causa do programa de ajustamento financeiro (troika), o anterior Governo “fez uma série de cortes pouco avisados” na Defesa e criou a directiva 2020, que define “um número de efectivos para 2020”.

Ora, neste momento, esse número “já está 20% abaixo do que está determinado. Sabendo que, de ano para ano, se tem vindo a verificar uma redução importante, na ordem dos mil militares nas Forças Armadas, tememos que em 2020 estejamos entre 30% e 35% abaixo do efectivo”, alerta.

A falta de efectivos “faz com que as Forças Armadas, de há muitos anos a esta parte, estejam a recorrer a serviços privados para realizar um grande número de tarefas que, tradicionalmente, eram realizadas pelos próprios militares. Ao ponto de algumas seguranças de acessos e de algumas unidades já estejam a ser feitas por empresas de segurança privada. Basta ir ao Terreiro do Paço, onde estão localizadas as unidades centrais da Marinha e o Estado-Maior da Armada”, denuncia.

Outra ameaça decorrente da falta de efectivos, avança o tenente-coronel, é a ocorrência de um incêndio junto aos paióis, em redor dos quais existe mato.

“Aquilo deveria ser uma zona perfeitamente limpa e não é, porque é uma área muito grande e não há recursos, não há meios humanos para fazer a limpeza. Um dia destes vai-se recorrer a uma empresa privada para limpar aquilo? É capaz de não ser uma prioridade para o comandante, mas eu alertava para uma outra situação: um dia destes há um incêndio ali, que vai varrer uma zona onde estão centenas de milhares de granadas e munições. Pode ser uma tragédia incalculável”, apesar de os “paióis terem alguma segurança física contra incêndios”.

Mas, face à crescente ameaça terrorista, não deveria haver um reforço de militares? “Não ocorreu”, garante o presidente da AOFA, para quem, por tudo isto, a segurança nacional está em causa.

A quem apontar responsabilidades pelo furto em Tancos?

Na última noite, o conselho nacional da Associação de Oficiais das Forças Armadas reuniu-se para analisar o furto de material de guerra e chegou à conclusão de que, “podendo haver responsabilidades aos mais diversos níveis, incluindo militares, as principais são ao nível político”.

Isto, por causa do “desinvestimento que tem vindo a ser feito pelos sucessivos governos e que aquela ideia que tinha o anterior ministro da Defesa, Aguiar Branco, de que com menos era possível fazer mais, por vezes isso não é possível”, aponta.

“Não afirmamos que o furto aconteceu por causa, exclusivamente, de problemas financeiros inerentes, mas propiciaram-no fortemente”, defende, lembrando que “há redes que não estão em condições” e “sistemas de videovigilância desligados há anos” por não estarem “em condições”, na sequência da “falta de condições financeiras para reparar tudo isso”.

O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, já declarou que assume todas as responsabilidades e os militares aguardam saber o que tal significa na prática. Na opinião da AOFA, assumir responsabilidades significa começar a resolver os problemas.

“Eu não tenho nada contra o cidadão Azeredo Lopes, até porque se sair esse cidadão entra outro para aquele cargo. Se mantiver as políticas, então que se mantenha lá o cidadão Azeredo Lopes. O problema é que nós exigimos que as políticas alteradas. Portanto, quando o senhor ministro diz que vai assumir responsabilidades, nós esperamos que seja alterar radicalmente as políticas que tem vindo a seguir e, se não tiver essa capacidade, sugerimos que terá de ponderar a sua permanência no cargo”.

A responsabilidade política no furto em Tancos foi também referida pelo major-general Raul Cunha em entrevista à Renascença.

O que sabemos sobre o furto de armas de guerra em Tancos
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Comentários
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  • OS CADEIROES
    07 jul, 2017 SUL 07:26
    Os cadeirões onde ficam sentados é que são culpados. Há mais chefes que indios . Se os pusessem a limpar florestas, a substituir os policias e a fazer rondas a pé aos paióis o Pais nunca mais entrava num PDE. TENHAM VERGONHA E CALEM-SE E os deputados são uma corja idêntica Enquanto lá dentro falava um HOMEM os garotos mandavam bilhetes à RDP
  • Mario Jorge
    06 jul, 2017 Lisboa 12:27
    Gostava mesmo é de saber se já encontraram as armas roubadas ou os criminosos. Encontrar um culpado agora não resolve a situação.
  • António dos Santos
    05 jul, 2017 Coimbra 18:23
    Este burro nem sabe o que diz, nem diz o que sabe! O problema não é político, mas sim, a incompetência dos oficiais das forças armadas. Não é por falta de pessoal, mas sim, de oficiais a mais, que não fazem nada a não ser chular o país.
  • Pedro
    05 jul, 2017 Porto 17:16
    Muita falta de vergonha na cara...Uma palhaçada...Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele. Então partem para a ameaça...O que vão fazer uma revolução...Vergonha na cara exige-se...
  • Abel Moreira dos San
    05 jul, 2017 Leça da Palmeira 16:57
    Sr. Presidente da associação dos oficiais digo só isto: um comandante de uma unidade ou quartel, é responsável por tudo o que gravita à sua volta, portanto tem que defender com o pessoal que tem as instituições para o qual foi nomeado, e abster-se de fazer política suja, o senhor como militar sabe muito bem que é assim.
  • fanã
    05 jul, 2017 aveiro 16:41
    Estes medalhados tem uma lata, ou melhor.....um latão. Não só tem a cara borrada de vigarice cometida por alguns, como as culpas agora são da tutela que os nomeou para terem responsabilidades . Quando se é responsável pago generosamente, não é só para o faz de conta !
  • tio
    05 jul, 2017 lx 15:48
    A final o que fazem os militares nos quartéis, comem, dormem . Segurança privada?, se os gajos entrassem aos tiros os seguranças privados faziam o quê?, corriam os tipos à pedrada, ao que nós chegamos. A continuar assim no próximo 10 de Junho desfilam de carrinhos de mão e vassouras.
  • Raso
    05 jul, 2017 Tomar 15:42
    Gostava de os ver com "tomates" (eu disse logo que era bluff) para entregarem as espadas! Na verdade tiveram medo de serem corridos de vez, coisa que devia ser feita porque o problema maio das FA está no excessivo numero de oficiais generais, superiores, e não só! As tropas neste momento só têm falta de "escravos", quem trabalhe (alguns sargentos, cabos, soldados, grumetes, etc)!
  • Mário João Castro
    05 jul, 2017 São Mamede de Infesta 14:39
    Recordo-me, perfeitamente, do meu falecido pai ter sido vigilante numa empresa que já não existe, a seguricor e quem estava á frente dela era alguém ligado à judiciária. A extinta visegur, cujo símbolo hoje é utilizado pela Autoridade Nacional de Proteção Civil...( coincidências...) Outra que dá preferência a ex-comandos e com nome, cor e boina "associado". Negócios perversos num país de desenrascados e empreendedores, falta perceber e estar atento a quem interessa o negócio da segurança privada...sem esquecer a "lapa" colocada num blindado da prosegur, em 2008, são tudo pistas muito interessantes para seguir e perceber que a Ganância não tem posto, nem ramo, nem arma! Estejam atentos a quem sabe o que diz e do que fala...assaltos a blindados poderão ser outro alvo apetecível. Ir defender interesses de países "contaminados" também é algo a rever e perceber as ligações de quem já lá esteve e seus novos hábitos de vida. E as descobertas poderão ser muito curiosas...eu sou do tempo da G-3 e da pistola metralhadora Walter, carregadas, prontas a disparar, usando obviamente as patilhas de segurança para evitar acidentes patéticos! Muito mais há ainda para rever e perceber a quem interessa a manipulação das FA, bem como quem se serve internamente de tais "serviços"...câmaras de vigilância que não servem devem servir alguém com dinheiro e poder para C O R R O M P E R e obter material para colocar onde as armas servem para alimentar a vida de muito poderoso deste mundo tão imundo.
  • Luis
    05 jul, 2017 Lisboa 14:23
    Os políticos não prestam. Os militares são ainda piores. Por causa dos cortes, falta pessoal para fazer segurança a material de guerra altamente letal. De certeza que nas muitas messes para servir os repastos aos senhores oficiais e sargentos, que são mais que os soldados, nunca faltou pessoal. Para isso e para toda uma serie de serviços que são mordomias a que a xicalhada tem direito. Estes grandes papagaios são tão cretinos que se devem esquecer que ainda existem vivos muitos milhares de ex combatentes que ainda hoje estão muito recordados como é que eles fizeram a guerra, aliás como a viram fazer. Estamos todos fornicados com toda esta gentalha.

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