13 jul, 2017 - 08:57 • Ângela Roque
Há contribuintes que confiaram no IRS automático e que agora estão a receber ordem de pagamento com valores muito diferentes dos habituais.
É o caso de Marcolina Campos, residente em Lisboa. Em entrevista à Renascença, em sua casa, na Madragoa, esta idosa de 90 anos diz que, este ano, por indicação de terceiros, não “fez o IRS”, tendo sido submetida às Finanças a declaração pré-preenchida pelo fisco.
“Na sexta-feira, recebi aquela carta a dizer que eu tinha de pagar 768,33 euros porque eu não fiz o IRS”, explica.
“Tenho uma reforma tão pequenina, fiquei desolada… Como é que vou pagar isto?”, questiona-se.
Esta contribuinte garante que recebe pensão própria na ordem dos 360/370 euros e outra pensão de viuvez na ordem dos 200 euros.
Marcolina Campos, que fará 91 anos em Setembro, não sabe ler nem escrever, por isso tem tido sempre quem lhe faça o IRS. “Nunca paguei nada, nem nunca recebi, nunca tive problema nenhum. Se me tivessem dito que tinha de fazer eu tinha feito”. Como nos outros anos.
Impedida de sair de casa há seis meses, porque não consegue descer nem subir as escadas, Marcolina tem algum apoio da Junta de Freguesia da Estrela, mas são os vizinhos que lhe fazem as compras.
“Tenho que pedir a alguém que me as faça, porque eu não consigo. Hoje peço a uma senhora, amanhã a um cavalheiro, outras vezes chamo o miúdo da rua para me ir comprar qualquer coisa”, explica. No entanto, não tem tido o hábito de pedir factura com o seu número de contribuinte. “Tínhamos aquela ideia que não era preciso”. Agora vai tratar disso: “já tenho ali um papelinho para levarem quando me forem fazer compras”.
Contactado pela Renascença, o Ministério das Finanças garante estar atento à situação e a acompanhar os casos que surjam.