13 jul, 2017 - 23:06 • Pedro Filipe Silva
Uma rápida viagem pelas corporações de bombeiros do país dá para perceber as diferentes visões que existem sobre o SIRESP.
Numa primeira análise, há algo em comum entre as várias corporações contactadas pela Renascença. Há um “mas”: Usam o SIRESP, mas não querem deixar de lado a Rede Operacional dos Bombeiros (ROB).
O SIRESP assenta numa plataforma digital e tem mais poder de alcance. Por exemplo, quem esteja em Faro pode ouvir operacionais de Viana do Castelo, se estiver devidamente configurado. A ROB funciona em banda alta frequência.
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras, Fernando Barão, diz que prefere falar com o SIRESP apenas para contactar o comando distrital.
"Sempre que os veículos saem o CDOS atribuiu o canal SIRESP e o canal ROB. Se for uma situação com alguma dimensão, o SIRESP é melhor, chega mais longe, mas na maior parte dos casos nós trabalhamos em ROB. Só quem está a comandar é que fica sempre com o SIRESP ligado", explica Fernando Barão.
O comandante dos Bombeiros Voluntários da Guarda, Paulo Sequeira, reforça a ideia de que o SIRESP pode ser "poupado" em algumas situações.
"Ao nível da manobra eu sou um dos defensores que, quanto menos usarmos o SIRESP e mais usarmos a ROB, mais vantagens em obter o maior partido possível da rede SIRESP. Se algum operacional precisa de uma mangueira ou de uma agulheta, tem que usar o SIRESP porquê? Não ocorrendo ao SIRESP não ocupamos rede, não ocupamos canais e a ROB faz perfeitamente esse serviço", argumenta Paulo Sequeira.
Outro dos pontos mais polémicos em torno do SIRESP tem a ver com as falhas de rede nas chamadas "zonas sombra".
Há corporações com estratégias disponíveis a fim de minimizar estas lacunas. O comandante dos Bombeiros de Portalegre explica uma solução que é aplicada em alguns casos. "Quando o SIRESP começou a funcionar, houve a indicação de que há uma funcionalidade que permite fazer de repetidor em sítios estratégicos para aumentar a zona de cobertura do rádio. Não resolvemos o problema na íntegra, mas resolvemos o problema em alguns sítios a capacidade de comunicação."
Questionados sobre se as zonas sombra foram alguma vez comunicadas à Protecção Civil a maioria dos responsáveis pelas corporações dizem que não. A excepção foi de uma situação em Ferreira do Zêzere, revela o 2º comandante dos Bombeiros, Mário Ferreira: "Sei que uma foi já identificada e comunicada há uns anos à Protecção Civil durante um exercício. Foi feito um relatório sobre isso. Também noutras situações já foram detectadas outras zonas e isso foi comunicado."
Um último ponto é o acesso aos equipamentos do SIRESP, que nem sempre é fácil. Essa é a posição do comandante dos Bombeiros da Guarda, Paulo Sequeira. "É difícil aceder, mesmo que nós queiramos comprar, é algo demorado para termos mais equipamentos. Temos os equipamentos que foram distribuídos, são equipamentos caros, difíceis de aceder por parte de uma associação de bombeiros, ao contrário da rede ROB que é muito mais fácil em termos de aquisição."
O comandante Distrital Operacional de Viana do Castelo, sem querer gravar, esclareceu que o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) é responsável por atribuir os rádios às várias corporações, consoante os meios técnicos e humano. Caso um quartel queira ter mais é da responsabilidade do próprio adquirir ou esperar que haja decisão superior para atribuir mais rádios. Em caso de situação de emergência pontual o CDOS garante rádios para todos os operacionais.