18 jul, 2017 - 13:59
O coordenador do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais, da Universidade de Coimbra, Domingos Xavier Viegas, questiona a validade de reduzir a área de plantação do eucalipto. A medida está prevista na reforma da floresta que está a ser negociada entre o Governo e os partidos que o sustentam.
A Renascença sabe que já há acordo com o Bloco de Esquerda para essa aprovação. O entendimento prevê, por exemplo, a redução da plantação de eucalipto.
“Acho bem que se procure regular, que se procure não aumentar mas acho ainda mais importante fiscalizar, onde é que se está a fazer essa plantação de eucalipto”, diz este especialista.
“Não é tanto a espécie ou a árvore em si mas o modo como está a ser plantada por todo o lado e a falta de gestão que tem, devido ao minifúndio. O eucalipto é uma árvore que arde, como qualquer outra. Quando é cuidada, quando é gerida, é mais defensável”, acrescenta.
Outra medida nesta reforma prevê que os terrenos abandonados e sem dono conhecido devem ser incorporados em bancos de terras.
Xavier Viegas não acredita que essa medida vá ter um impacto significativo uma vez que “as terras sem dono são no meio dos montes portanto não é isso que fará muito diferença, nem para a defesa geral da floresta, nem para a defesa da vida e das casas das pessoas”.
Este especialista comentou ainda a possibilidade do regresso dos guardas florestais. Xavier Viegas explica que “quem eliminou os guardas florestais foram os próprios serviços do Ministério da Agricultura”, tendo passado para a alçada da GNR.
“O que eu verifico é que a GNR enquadrou os anteriores guardas florestais e lhes deu de facto uma actividade e uma função que estão a desempenhar muito bem, na minha opinião até melhor do que estavam a fazer quando estavam integrados no Ministério da Agricultura, portanto não vejo a mais-valia disso”, diz, criticando o facto de as medidas serem feitas e desfeitas ao sabor dos governos.
“Não compreendo porque é que se anda agora para trás e para diante. Vem um governo e faz uma medida, vem outro e volta para trás. O que é importante é que as coisas funcionem. Não interessa tanto os rótulos”, remata.
Xavier Viegas classificou ainda como “medidas fulcrais” as que estão relacionadas com a redução e aproveitamento de biomassa, mas defendeu a “criação de muitas centrais de pequena potência para favorecer as populações locais e incentivar o aproveitamento da biomassa”, em detrimento de grandes centrais de biomassa, por já se ter verificado “que não são suportáveis”.