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Muitas declarações mas pouca acção depois de Pedrógão, dizem ambientalistas

22 jul, 2017 - 11:29

O Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente lamenta que na questão concreta do ordenamento florestal se tenha feito tão pouco.

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O grupo ambientalista GEOTA defende que, mais de um mês depois do incêndio na zona de Pedrógão Grande, centro, que provocou 64 mortes, há muitas declarações mas "pouca acção no fundamental".

Questionado pela Lusa se o país está a tirar as lições certas da tragédia de Pedrógão, para que não se repita, responde João Joanaz de Melo, do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), que ainda não se entendeu se se tirou alguma lição e lamentou que "no ordenamento florestal se tenha feito muito pouco".

"O mais importante é o ordenamento florestal, e o clima e o despovoamento do interior tende a agravar a situação. O resto são questões conjunturais", diz o dirigente à Lusa, salientando que é preciso perceber o que não funcionou no dispositivo de combate ao incêndio, ainda que não esteja em causa a boa vontade e abnegação dos bombeiros.

Não é, salienta, para atribuir culpas, é antes para aprender com os erros, porque o que aconteceu em Pedrógão não foi nada que não fosse previsível acontecer um dia.

E depois há uma série de questões fundamentais para resolver, como a de o Estado ter perdido capacidade no sector florestal. "Há matérias na área da gestão florestal que precisam da capacidade do Estado e dos privados. O Estado desequipou-se, alienou pessoas, conhecimento, infra-estruturas", diz Joanaz de Melo, lembrando a existência, no passado, de guardas florestais e guarda-rios, de haver muitos mais vigilantes da natureza do que há hoje.

Joanaz de Melo lança outras sugestões, todas elas, entende, vitais. Faz sentido, por exemplo, criar zonas de protecção à volta das localidades e das estradas, porque não se para um incêndio no meio da mata mas nos corta-fogos.

E resume-as assim: "O grande problema é a completa ausência de uma estratégia de ordenamento do território. Falta uma estratégia e faltam meios para por essa estratégia em prática. É essencial uma discussão de fundo sobre o que queremos para o país, e isso não vemos acontecer".

Há uma semana o GEOTA apresentou uma posição sobre a política florestal e disse que as leis que foram discutidas e aprovadas na quarta-feira no parlamento tocam superficialmente o problema do ordenamento e ignoram o despovoamento do mundo rural e as alterações climáticas.

O grupo propõe uma floresta com espécies autóctones, melhor coesão territorial, promoção do associativismo florestal, ou então melhorar o cadastro, fazer cumprir a lei e rever a instalação do eucalipto.

E se não se resolve "de um dia par o outro os problemas acumulados por décadas de negligência", a verdade é que "as soluções essenciais são conhecidas". "Haja coragem política para assumir o caminho e bom senso para ouvir quem tem de ser ouvido".

Joanaz de Melo salienta o desleixo a que se votou a floresta desde as últimas quatro décadas e frisa também a necessidade de se voltar a plantar outras espécies que não pinheiros e eucaliptos, e que se acabem as manchas contínuas de floresta, que tornam a prevenção e o combate dos fogos muito mais difícil.

E volta à pergunta inicial para dizer que com calamidades como a de Pedrógão não há "uma medida que funcione como uma varinha mágica".

O que é preciso é uma discussão sobre a floresta, que envolva toda a sociedade. Uma discussão que, diz Joanaz, pode durar um ano. Mas tem de começar agora.

Comentários
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  • F Soares
    22 jul, 2017 A da Gorda 14:02
    Ambientalistas ? Nem vê-los ! Sou pelo ambiente, mas - na minha opinião - as ONGAS em Portugal ( salvo a LPN) só aparecem quendo há dinheiro e poisos para os chefes.
  • Filipe
    22 jul, 2017 évora 13:13
    Os tipos que envergam as camisolas políticas em Portugal de um partido qualquer , tem estatuto de homem para toda a obra , ora estão Ministros da Saúde ora no outro dia Ministros da Justiça ora em outro dia Diretores de empresas Privadas , e no entanto o curso que tem talvez até mal tirado ou ao fim de semana por Fax , é de Direito . Como querem depois que esta gente sem formação e até maus treinadores de bancada consigam elevar Portugal ? Vão às bibliotecas ler como D.Dinis fez reflorestar Portugal e nesse tempo não havia UE e SIRESP , dá mesmo que pensar no tipo de gente que o povo vota , eu vos digo : Artistas da Corrupção !
  • MCL
    22 jul, 2017 Buelas 13:07
    Quem ponha defeitos, há muita gente, mas propor soluções e por em pratica essas soluções, não há ninguém. Claro que se fossemos um País rico, então outro galo cantaria. Nunca vi um país com tantos treinadores de bancada!!!
  • José Pamplona
    22 jul, 2017 Angra do heroísmo 12:47
    È o normal neste triste país. Muito se fala, e decisões muito vagarosas. Triste daqueles que se encontram nestas situações e que dependem de decisões, que por vezes levam uma eternidade e que por vezes nunca são concretizadas. È isto que temos!!!
  • Zé Povinho
    22 jul, 2017 Lisboa 12:24
    Vá devagarinho que senão não dá para ver para que bolsos escapam os 13 milhões arrecadados. Vamos lá ter calma, que isto tem que ser feito com muito controlo de finanças, pois não quero ver desaparecida a minha dádiva!
  • Maria
    22 jul, 2017 Porto 12:19
    O pior é que mais uns dias e já ninguém se "lembrará" deste assunto (nem do de Tancos) e volta tudo ao mesmo... e pobre de quem sofre na pele toda a desgraça!! Há interesses maiores.... e vai tudo a banhos que é altura de férias...
  • Carlos Costa
    22 jul, 2017 Santarem 12:18
    É a especialidade deste governo: Propaganda política,muita propaganda!!!! Obras: Zero!!!!
  • Pedro
    22 jul, 2017 lx 12:13
    E mesmo nos próximos anos pouco se vai fazer, com estes governos que só desgovernam... Não houve 1 bom ministro da agricultura praticamente, parasita atrás de parasita que deixaram chegar a floresta e agricultura a este estado... Podem ser criadas medidazinhas aqui e ali, mas de fundo, com governos destes, com lobbys, com máfias da floresta, com penas de prisão baixissimas para os incendiários, assim não vão lá.

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