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Em Amieira do Tejo, Nisa, "não se prega olho" há 48 horas por causa do fogo

27 jul, 2017 - 16:41

"Vou desistir da agricultura. Estou reformado por invalidez. Não posso mais. Só dá vontade de desaparecer deste mundo", desabafa um agricultor que perdeu quase tudo.

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A população de Amieira do Tejo, no concelho de Nisa, no distrito de Portalegre, "não prega olho" há 48 horas com receio dos incêndios que serpenteiam nas imediações da aldeia.

Sem rede de telemóvel, a população anda nas ruas com ar cansado e olhar preocupado, enquanto as cinzas provocadas pelas chamas pairam no ar e o fumo invade a aldeia.

As instalações da junta de freguesia estão transformadas num quartel de bombeiros, vivendo-se um corrupio no auxílio aos homens que combatem os fogos.

"Temos de dar apoio e toda a logística aos bombeiros. A junta serve de base para apoiar", diz à agência Lusa o presidente, Artur Dias.

Longe da tranquilidade de outros dias de verão e com os termómetros a rondar hoje os 35 graus, o autarca, com ar cansado, lembra que a população "não prega olho" há dois dias.

Na mesma terra, João Paulo Neto, um agricultor de 52 anos, mostra a tristeza de ter visto arder barracões, vedações e mais de 600 fardos de feno da sua exploração, conseguindo apenas salvar os animais.

"Não tem explicação. Não vale a pena andar a arranjar as coisas, a fazer aceiros, desapareceu tudo", lamenta à Lusa.

"Vou desistir da agricultura. Estou reformado por invalidez. Não posso mais. Só dá vontade de desaparecer deste mundo", desabafa.

Com ar abatido e traumatizado pelas consequências dos fogos, João Paulo Neto diz que, agora, só vai ficar com "duas vacas e meia dúzia de ovelhas".

No concelho de Nisa, onde foi activado o Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil, continuavam hoje à tarde a lavrar dois incêndios, cada um com duas frentes, que mobilizam mais de 450 operacionais, com o apoio de 137 viaturas e dez meios aéreos.

Na quarta-feira à noite, várias povoações do concelho foram evacuadas, devido às "várias frentes de fogo", em Amieira do Tejo e Arneiro.

Segundo a presidente do município, Idalina Trindade, foram evacuadas as povoações de Vila Flor, Falagueira, Amieira do Tejo e Albarrol, mas as cerca de 100 pessoas retiradas já regressaram às suas casas.

Um dos fogos teve origem no de Vila Velha de Ródão, distrito de Castelo Branco, que passou na terça-feira à noite o rio Tejo e chegou ao concelho vizinho de Nisa, através do monumento natural das Portas de Ródão.

O alerta deste incêndio no concelho de Nisa foi dado às 21h34 de terça-feira, nas Portas do Ródão, freguesia de Santana.

Na quarta-feira à tarde, também o fogo de Mação, no distrito de Santarém, se propagou ao concelho de Nisa, começando por Albarrol, na zona de Arez e Amieira do Tejo, tendo o alerta sido dado às 20h49.

Comentários
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  • P.CRUZ
    28 jul, 2017 LEIRIA 12:19
    NUM CONCELHO ONDE O TRABALHO É ESCASSO, AS DIFICULDADES SÃO GRANDES, ONDE A POPULAÇÃO NA GRANDE MAIORIA É IDOSA, ONDE OS MEUS DE TRANSPORTE, AS VIAS DE COMUNICAÇÃO, OS APOIOS, A DESERTIFICAÇÃO DESTA REGIÃO, O ABANDONO TOTAL. A ESPERANÇA DIMINUTA DE VIVER. UM PATRIMONIO QUE É DEVASTADO, ABANDONADO, IGNORADO. É TRISTE MUITO TRISTE, NÃO CONHECER A REALIDADE DESTA REGIÃO, COMO OUTRAS POR ESSE PORTUGAL FORA, QUE ESTÃO EM SITUAÇÕES IDÊNTICAS. AOS POLITICOS, ÁS GRANDES EMPRESAS, ÁS ENTIDADES E POR AÍ A DIANTE, OLHEM, SINTAM E MAIS FAÇAM ALGUMA COISA. JÁ QUE O POUCO OU NÃO SE FEZ, NÃO NOS DÁ A ESPERANÇA DE ACREDITARMOS QUE PORTUGAL POSSA TER UM A OUTRA IMAGEM, SE NÃO A DE LUTO.
  • AVS
    28 jul, 2017 Lisboa 08:19
    Reformado por invalidez mas vai desistir da agricultura e ficar so com duas vacas e meia dúzia de ovelhas... Mais um que se reformou porinvalidez aos 40 e poucos anos e continua a trabalhar e agora ainda vai tentar que lhe paguem os prejuízos do incêndio.É de lamentar as injustiças e desigualdades e ainda contam à comunicação social.
  • Comecem
    27 jul, 2017 Lx 16:56
    A suspeitar dos piromanos que andam à solta nas regiões!...

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