28 jul, 2017 - 12:19
A Ordem dos Médicos afirma que há várias centenas de doentes em Portugal ainda sem acesso aos tratamentos para a hepatite C, já propostos pelos médicos mas que aguardam autorização superior.
“Salientamos que continuam a existir a nível nacional várias centenas de doentes cujos tratamentos propostos pelos respectivos médicos continuam a aguardar a necessária autorização da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), sem a qual os doentes não podem ser tratados”, refere o bastonário Miguel Guimarães, numa nota divulgada a propósito do Dia Mundial das Hepatites.
A Ordem alerta ainda para o facto de a negociação feita com a indústria farmacêutica ter “aparentemente esquecido” os doentes com genótipo 2, uma das variações do vírus da hepatite C.
Apesar de ser um subtipo minoritário, a Ordem considera que “os seus portadores não podem ter menos direitos ao tratamento adequado”, sublinhando que isso coloca “problemas de índole ética e legal insustentáveis” e que “podem ter graves repercussões” sobre a saúde desses doentes.
“É impensável não tratar estes doentes tal como os restantes”, escreve o bastonário Miguel Guimarães.
A Ordem dos Médicos lamenta ainda que, “por um esquecimento” na negociação, a disponibilização desses medicamentos a estes doentes “venha onerar directamente os hospitais com custos muito superiores aos que teriam” se a negociação tivesse previsto esta situação.
“Esta situação deve ser reduzida rapidamente”, apela Miguel Guimarães.
A Ordem dos Médicos sublinha ainda a necessidade de se realizar um rastreio nacional de modo a conhecer a realidade do país quanto ao número de doentes com hepatite C, por haver uma aparente disparidade entre o número de infectados assumido pelo Governo e aquele que os especialistas estimam.
Vários peritos, grupos de médicos e representantes de doentes têm defendido há uns anos um rastreio nacional à hepatite C.