03 ago, 2017 - 13:03
Maria Ana Ferro é a autora do blogue “A mãe já vai”, dedicado a assuntos relacionados com a maternidade. Na quarta-feira à tarde, decidiu ir à praia de São João da Caparica com os três filhos. “Um dia que prometia o do costume”.
Mas o incidente da aterragem de emergência de uma aeronave mudou os planos. “Estou de pé a olhar para eles e do nada surge uma aeronave a um metro do chão. Põe as rodas na areia, levanta as rodas volta a pôr. Aterra. Desliza. 10 segundos”.
A partir daí, Maria Ana Ferro descreve momentos de grande aflição. “Corri. Aos gritos. Descontrolada. Fora do meu corpo. Os meus filhos! Os meus filhos! Não vejo os meus filhos!”
Assim que os encontrou, arrastou-os para local seguro. Pelo caminho, reparou no homem “deitado sem se mexer. Morto”. E, “30 metros depois, uma criança”.
Maria Ana Ferro não tem dúvidas: o que viveu mudou a sua vida. Agradece o milagre – “não consigo falar em sorte” – e lamenta que “ao homem de 57 anos e à menina de 8 anos” tenha acontecido “a maior e mais parva tristeza da vida”.
O acidente com a aeronave aconteceu no dia 2 à tarde, depois de o piloto ter reportado uma avaria. Fez dois mortos e um ferido.
O voo era de treino e os dois tripulantes estão a ser ouvidos esta quinta-feira de manhã no Ministério Público. Por apurar estão as razões que levaram o piloto a decidir aterrar num areal onde estavam centenas de pessoas.
A Procuradoria-Geral da República já confirmou a instauração de um inquérito para apurar as circunstâncias do acidente e vai decorrer, em simultâneo o processo de averiguação técnica, levado a cabo pelo Gabinete de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.
A aeronave (Cessna 152) foi alugada à Aerocondor e partiu do aeródromo de Cascais com destino a Évora.