03 ago, 2017 - 08:12
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) elaborou uma lista de 28 perguntas sobre os incêndios de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, para as quais exige respostas urgentes e objectivas por parte das várias entidades responsáveis.
A LBP anunciou, em comunicado, que enviou o conjunto de perguntas ao Presidente da República, ao Governo, grupos parlamentares, Comissão Independente criada para apurar os factos relativos ao incêndio e à Universidade de Coimbra.
“’Ajudem-nos a entender porquê’ é o título desse conjunto de questões, 28 no total, que a LBP considera fundamental formular para que se possam retirar conclusões rigorosas sobre o ocorrido em Pedrógão Grande”, lê-se no texto.
Para as 28 perguntas, que vão desde o funcionamento do Posto de Comando, aos meios de socorro, Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS), resposta da Protecção Civil, evacuações ou meios aéreos, a LBP exige respostas urgentes, claras, concretas e objectivas.
A liga quer saber, entre outras questões, se foi instalado algum gabinete de crise, por que razão e quem era o seu responsável, como e quem fez a recepção às individualidades presentes ou por quem foi instalado o posto de comando, além de querer saber quem assumiu o posto de comando, quem fez a avaliação inicial do incêndio ou qual a estratégia inicial.
Sobre os meios de socorro, pergunta por quem foram accionados, se foram activados meios aéreos de coordenação, querendo saber igualmente informações sobre o CDOS, desde a hora de chegada ao posto de comando do primeiro elemento da estrutura operacional até ao ponto da situação do incêndio no momento da passagem de testemunho.
Questiona se o presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) esteve presente e a que horas chegou ao teatro de operações, se foi a ANPC ou o CDOS a assumir o comando ou porque “demorou tanto tempo a definição de sectores”.
Pergunta sobre as evacuações, os planos municipais de emergência, se existem naqueles municípios Planos Operacionais Municipais e respectivos Gabinetes Técnicos Florestais.
Por outro lado, quer saber a que horas chegaram as forças de segurança, quais é que estiveram no teatro de operações entre os dias 17 e 18 de Junho e com quantos operacionais, fazendo perguntas semelhantes relativamente às Forças Armadas.
Relativamente ao SIRESP, a Liga dos Bombeiros quer saber em que altura surgiram os problemas.
As perguntas dizem também respeito ao INEM, Polícia Judiciária, avisos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), postos de vigia, bermas da estrada e distâncias de contenção, bem como à alegada queda do avião canadair.
Quer também saber por que razão foram alteradas as zonas envolventes aos postos de comando, pergunta pelo acidente com a viatura de bombeiros, quando começou a desmobilização de meios, além de várias perguntas sobre as vítimas mortais resultantes dos incêndios.
Por último, a LBP, questiona se destas perguntas se pode concluir que houve a falência do sistema da protecção civil, ausência de coordenação, incompetência do comando, falta de organização da floresta, falta de políticas concretas para o sector florestal e agrícola, irresponsabilidade colectiva ou falência do Estado.
Dez feridos do incêndio continuam internados em hospitais e um numa unidade de cuidados continuados.
O incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande no dia 17 de Junho, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos, e só foi dado como extinto uma semana depois.
Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.