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Caparica. Amarar é uma “técnica difícil” e exige muita “proficiência"

03 ago, 2017 - 06:48

Antigo presidente do Gabinete de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos diz que há ainda muitas coisas por explicar no acidente que causou dois mortos.

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Queda de aeronave na Caparica. “Houve um estrondo enorme e ouvi crianças a gritar”
Queda de aeronave na Caparica. “Houve um estrondo enorme e ouvi crianças a gritar”

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Muitos factores podem justificar a decisão tomada pelo piloto da aeronave que na quarta-feira aterrou uma praia da Costa de Caparica. A altitude a que seguia e o conhecimento da técnica de amaragem são dois deles.

Uma avaria pode ter condicionado a decisão do piloto em aterrar na areia, em vez de amarar, refere à Renascença Álvaro Neves, antigo presidente do Gabinete de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.

“Há técnicas para se poder amarar e deixar o avião minimamente direito em cima da água, mas se não se tem essa proficiência e o conhecimento dessa técnica é difícil. Mediante a velocidade que traz, quando toca na água vai criar um efeito e o avião vai capotar”, afirma, reconhecendo que amarar com uma avioneta traz dificuldades acrescidas.

Na opinião deste especialista, terá sido mais fácil para o piloto gerir a situação com uma aterragem no areal, sendo que a baixa altitude do aparelho também poderá ter condicionado a decisão.

A aterragem de emergência acabou por provocar dois mortos, um deles menor, e um ferido ligeiro. Mas para compreender o que se passou, há várias questões que precisam de resposta. Por exemplo: “porque é que estava a voar baixo? Porque é que estava em cima da praia e não a uma altitude considerável, como mandam as regras?”, refere Álvaro Neves.

A Procuradoria-Geral da República já confirmou a instauração de um inquérito para apurar as circunstâncias do acidente e vai decorrer, em simultâneo o processo de averiguação técnica, levado a cabo pelo Gabinete de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.

A aeronave (Cessna 152) foi alugada à Aerocondor e partiu do aeródromo de Cascais com destino a Évora.

“A Aerocondor tinha esta aeronave alugada do aeroclube de Torres Vedras, que é proprietária e garante a manutenção da aeronave. Tratava-se de uma aula de instrução com um dos nossos instrutores seniores, 56 anos, milhares de horas voo, e de um aluno. Não temos conhecimento de quais poderão ter sido as causas e cabe agora ao Gabinete de Prevenção e Investigação apurá-las e nós vamos colaborar, tanto quanto possível”, refere à Renascença Nelson Ferreira, da Escola de Aviação Aerocondor.

Os tripulantes da avioneta são ouvidos, esta quinta-feira, pelo ministério público.

Comentários
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  • João Cardoso
    04 ago, 2017 Sintra 15:57
    Tugas, são burros que até dói. Podem ser burros mas manda a prudência estar calado quando ainda não se sabe o que se passou sequer. Gostam de cuspir para o ar mas com certeza nunca estiveram em situações de aperto. Para além de tristes são uns cobardes pois quando estou na rua não vejo esses "malucos" que dizem que são. São uns mansos e pior que tudo cobardes.
  • Cesar
    04 ago, 2017 Almada 14:02
    Boa tarde, Não amarou porque não quis estragar a aeronave. Arriscou aterrar na praia, mesmo tendo pessoas na mesma, tipo que se desviem. Tinha a obrigação moral de amarar. Ali o avião é o menos importante. Tomara não passar nunca por uma situação destas, nem quero imaginar qual seria a minha reacção. Mas se corresse para o torto, nem 10 golias o safavam e ia buscá-lo nem que fosse ao Alasca. Aterrou para safar o avião e a pele, marimbou-se para as pessoas.
  • Luis
    03 ago, 2017 Trafaria 21:25
    A praia fica na freguesia de Caparica trafaria . Nao costa da Caparica
  • OGO
    03 ago, 2017 Seixal 17:08
    É necessário esclarecer um "pequeno" ponto antes de fazermos juízos de valor. Existem dois tipos de trem de aterragem: fixo e retrátil, o avião em questão é de trem fixo. Uma amaragem, além de ser uma manobra complicada, requer TREM RECOLHIDO, porque senão aquilo ao entrar na água parte-se todo. A escolha é/foi entre partir o avião e matar os que lá vão dentro ou tentar a areia e eventualmente a coisa poder correr mal. Não esquecer que sem motor pouco se pode fazer e o tempo é curto para pensar. Todo o humano tenta na medida do possível salvar a pele
  • João Semana
    03 ago, 2017 Porto 16:09
    Pelos comentários que vejo, acho que cada vez mais o conto do Velho do Rapaz e do Burro esta mais actual. Tenham juízo e comentem o que sabem. Se não sabem calem-se
  • Jorge
    03 ago, 2017 Seixal 16:05
    Um piloto veterano, instrutor, com tantas horas de voo, com tanta experiencia, comunicou à torre de controlo cinco minutos após descolar que tinha uma avaria no motor e que ia aterrar na praia da Cova do Vapor, não conseguiu amarar na água? Não teve outra solução que aterrar na praia de S. João da Caparica, independentemente de ver e saber que ia matar alguém? Na minha opinião a cobardia falou mais alto e teve medo de amarar, assim não pôs a sua vida e a do aluno em perigo, mas matou uma criança com 8 anos e um homem com 56 anos, mais não foram, porque, aperceberam-se que algo de errado se passava com a avioneta e conseguiram fugir a tempo.
  • Ricardo
    03 ago, 2017 15:42
    Em primeiro lugar gostaria de deixar explicito que os pilotos voavam baixo cerca de 1000 pés (300mt) porque a lei assim obriga e a rota de saída de voos visuais do controle de Lisboa é efectuado por ali e a essa altitude para haver distância de segurança para os voos comerciais que entram a 3000 pés (900mts). Em segundo lugar gostaria de mencionar que o piloto a essa altitude tem no máx. 30 segundos até atingir o solo, pois perdeu a propulsão do motor, e tem de efectuar todos os procedimentos de emergência, comunicações e pilotar o avião. Em 3 lugar o local para efectuar a emergência era o mais indicado não no momento pois estava muita gente na praia, mas no local onde decidiu por cima do Farol do Bugiu não sei se consegue antecipar quantas pessoas estão no areal da cova do vapor, teve de tomar uma decisão onde provavelmente com a amaragem existiria 2 mortes certas. Eu concordo depois de passado o facto que deveria ter tentado a amaragem mas em 30 segundos é difícil por vezes tomar a melhor opção e infelizmente não se consegue voltar atrás e acredito no arrependimento do piloto por essa decisão. Resta informar que em locais sobre pessoas e edifícios a altitude minima de separação são 1000 pés(300 mts), o que informa as pessoas que se houver um avião a voar abaixo dessa altitude tenha sempre atenção pois pode estar com problemas. Se me perguntassem se decidiria pela amaragem claro depois dos factos serem todos conhecidos o problema é que a decisão tem de ser tomada antes.
  • ZLC
    03 ago, 2017 Santarém 15:31
    Quem tem dinheiro para esta atividades nunca pensa nos outros. Então quando se trata de salvar a pele os outros não existem. Ficaram dois cobardes vivos e dois inocentes mortos podiam até ser um número muito superior que isso não interessa ao clã cobarde.
  • maria
    03 ago, 2017 lx 15:20
    Escreva aqui o seu comentário... uma situação de amaragem está prevista em treinos simulados. Se nenhum dos dois praticou em simuladores de vôo é estranho.
  • Carlos
    03 ago, 2017 Lisboa 14:47
    RC Victor antes um cobarde vivo do que um herói morto. Infelizmente morreram duas pessoas, não seria diferente se amarasse e morressem... lamentando sempre a morte da menor. E pelo comentário de revoltado, muito típico desta maltinha nojenta de hoje em dia, esteja calado e não fale do que não sabe, é por haver pessoas como você que acreditam em tudo o que é sensacionalista que o mundo está como o encontrámos.

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