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Mochos, águias e esquilos entre os 120 animais resgatados após incêndio de Pedrógão

04 ago, 2017 - 12:00

Estão a recuperar no hospital para animais selvagens, em Castelo Branco. Quer ajudar? Apadrinhe um animal.

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Há umas semanas a equipa do Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens (CERAS), em Castelo Branco, foi surpreendida pela chegada de um pássaro que raramente se aproxima das pessoas. Um alcaravão, normalmente “muito tímido”, e difícil de encontrar na natureza. Vinha “directamente de uma zona de incêndio” em Pedrógão Grande e parecia “desnorteado”, “desidratado” e “magro”. Depois de algum tempo em tratamento, recuperou e foi libertado.

Como este alcaravão, mais de uma centena de animais chegou ao CERAS. “Desde o dia em que se deu o grande incêndio de Pedrógão, entraram 120 animais. Este é um número completamente anormal para a época do ano em que estamos”. Foi assim que Ana Filipa Lopes, responsável clínica do CERAS, começou por descrever à Renascença a situação que se vive actualmente no Centro.

Neste momento, estão internados 53 animais. Mas, no final de Junho, chegaram a estar cerca de “100 em recuperação”, destaca a médica veterinária, acrescentando que a média habitual para esta época é de 30 a 40 internados.

A responsável clínica acredita que, na maioria dos casos, há uma relação com os incêndios que deflagraram na região desde meados de Junho. No entanto, a profissional afirma que não é possível dar garantias sem um estudo “mais a fundo”.

“Estão muitos a entrar desidratados e mal nutridos, sem outra alteração. São, portanto, animais que não estão a conseguir ter alimento suficiente na natureza”, explica.

Quanto às espécies, a variedade é grande: “Neste momento temos uma águia imperial ibérica em recuperação. Temos também uma abetarda [ave de pernas altas]”, descreve Ana Filipa Lopes.

Para além destes animais, têm chegado ao centro andorinhas, mochos galegos, cegonhas, esquilos, abutres, entre outros.

Dos 120 animais resgatados nas últimas semanas, muitos já foram devolvidos à natureza. Contudo, outros não resistiram e acabaram por morrer no internamento.

CERAS: Um hospital para a fauna selvagem

O Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens é uma estrutura da Quercus e tem como missão a “recepção de animais selvagens debilitados, sua recuperação e devolução ao meio natural”, lê-se no site da associação.

A grande maioria dos animais chega ao CERAS através do Serviço de Equipa de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), da GNR.

No entanto, a médica veterinária conta que há muitas pessoas que, nas últimas semanas, têm estado a entregar os animais pessoalmente, “por perceberem que neste momento as equipas do ambiente da GNR estão muito ocupadas, no combate aos incêndios”.

No CERAS, o tratamento passa por dar medicação, fazer análises, alimentar ou recorrer a intervenções mais profundas, consoante cada caso.

Uma vez recuperados, os animais são libertados na natureza novamente.

Ser padrinho de um animal selvagem

Quem quiser pode contribuir para a recuperação dos animais resgatados, através do apadrinhamento – apoio financeiro para o tratamento de um animal – ou de voluntariado – realização de tarefas no centro. A informação está disponível no site do CERAS.

O CERAS tem reforçado as campanhas de apelo à participação nestes programas de apoio e, desde Junho, o número de pessoas a oferecer-se para ajudar tem aumentado significativamente.

“Recebemos muitos pedidos de voluntariado e estamos com vários voluntários a ajudar-nos”, diz Ana Filipa Lopes. Neste momento, colaboram com o Centro, pelo menos, dez voluntários.

Também os pedidos de apadrinhamento aumentaram, “sobretudo nos dias logo a seguir aos incêndios”. As “espécies ameaçadas” são aquelas que as pessoas mais procuram apadrinhar, conta a médica veterinária.

Os incêndios florestais consumiram este ano mais de 128 mil hectares até 31 de Julho. É a maior área ardida no mesmo período na última década e quase cinco vezes mais do que a média anual dos últimos dez anos.

[notícia actualizada às 16h55]

Comentários
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  • Matilde
    07 ago, 2017 Ovar 22:14
    Lamento alguns comentários aqui vertidos. Que não queiram ajudar tudo bem, mas que façam os comentários parvos que fizeram já não está bem. Mas claro que gostar de animais não é para qualquer um. É só para quem tem alguma sensibilidade. Como a maioria são uns broncos que não aprenderam nada e só vêm o seu umbigo e os seus interesses egoístas, como é que poderiam compreender? São uns “analfabetos” de sensibilidade! Pobres pessoas e animais que tenham que lidar com eles!
  • 04 ago, 2017 15:56
    mais um esquema para sacar dinheiro criado por umas super tias desocupadas
  • Eu
    04 ago, 2017 15:42
    Acho que já todos os portugueses apadrinhamos esses animais. Com tanto dinheiro doado ainda pedem padrinhos para os bichinhos. É uma piada no mínimo hilariante.
  • António José
    04 ago, 2017 Cernache do Bonjardim 15:33
    Sensibilização...Educação... Reflexão/ação... Projeto IDEOTA poderá evoluir, dar corpo a uma Economia Social e acolher e responder ao pedido... Caso existam parceiros disponibilizarei a síntese da Ideia. Ao dispor
  • Ortigão
    04 ago, 2017 Seixal 15:24
    Infelizmente já apadrinhamos muitos Boys dos partidos, metidos no estado, ppp's...etc com bons salários sem produzirem nada de substancial para o país e sociedade. Tenho muita pena das vítimas destes incêndios, sejam elas humanas ou vida selvagem, mas o dinheiro não chega para tudo.
  • No país da diversão
    04 ago, 2017 Lisboa 15:18
    No país da diversão vale quase tudo para desviar a atenção do essencial e manipular as pessoas. Este país tem um atraso civilizacional pois existe violação de direitos humanos, falta de proteção aos mais fracos, abuso e opacidade nos poderes, censura e manipulação constante nos media para iludir/enganar as pessoas. Já não chegava o ser humano por vezes ser tratado pelos media abaixo de cão, de raposa, de cobra, de sapo, de javali, de tartaruga, agora quase de todos os outros animais. Haja respeito! Mas os grandes culpados são o povo que compactua com isto e ainda gosta de ser manipulado!
  • Rogério Correia
    04 ago, 2017 atouguia da baleia 15:03
    S.F.F. coloquem no artigo, dados de como as pessoas podem efectivamente ajudar os Animais.
  • Luis
    04 ago, 2017 sintra 14:29
    Não era do dinheiro doado pelos portugueses que ainda não tinha chegado um tostão às pessoas que dele necessitam. Até tinham criado um "gestor" para "gerir" as doações. Agora querem que se dê para os animaizinhos ?!?!?!? Ser enganado uma vez acontece, ser enganado duas vezes é ser otário. Não encho mais a barriga a pançudos.
  • clarificador
    04 ago, 2017 MVDIRE 14:04
    Não se apadrinham animais , ó suas bestas indiscriminativas DA realidade .
  • Luis
    04 ago, 2017 Aveiro 14:02
    Tantos milhões doados retidos...e ainda pedem mais! E, já agora, qual o papel do Estado (nossos impostos)? Enfim!!!

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